Por que stablecoins perdem a paridade com o dólar — lições de TerraUSD a YU
Explosões de confiança, falhas de liquidez e ataques em redes cruzadas expõem a fragilidade estrutural dos ativos digitais “estáveis”
O mercado de stablecoins atingiu um marco histórico em outubro de 2025, superando os US$ 312 bilhões em capitalização, segundo dados do CoinMarketCap. Mas, apesar do crescimento, essas criptomoedas ainda enfrentam um problema persistente: a incapacidade de manter o valor fixo de US$ 1 durante períodos de estresse ou instabilidade.
Do colapso da TerraUSD (UST) em 2022 à perda temporária de paridade do USDC em 2023 e, mais recentemente, ao ataque sofrido pela Yala (YU) em setembro de 2025, cada episódio revelou novas fragilidades — e lições — para investidores e desenvolvedores.
De TerraUSD a YU: a anatomia dos colapsos
O caso mais emblemático continua sendo o da TerraUSD (UST), cujo modelo algorítmico de estabilidade ruiu em maio de 2022 após uma sequência de resgates em massa. Em apenas três dias, a oferta de sua criptomoeda-irmã, LUNA, saltou de 1 bilhão para quase 6 trilhões de unidades, enquanto o preço despencou de US$ 80 para praticamente zero, eliminando cerca de US$ 50 bilhões em valor de mercado.
Já em setembro de 2025, a stablecoin YU, da empresa Yala, perdeu o peg após um ataque que explorou uma falha em sua ponte cross-chain. Um invasor conseguiu mintar 120 milhões de tokens na rede Polygon, convertendo parte deles em USDC e ETH antes que a equipe conseguisse suspender as operações. Embora o projeto tenha conseguido restaurar a paridade dias depois, o incidente destacou o risco de liquidez limitada e vulnerabilidades em pontes multichain.
Por que as stablecoins perdem o peg
As causas das desvalorizações são recorrentes e refletem problemas estruturais do setor:
Liquidez insuficiente — quando os pools de negociação são pequenos, grandes vendas drenam rapidamente os fundos, tornando a recuperação mais difícil.
Perda de confiança — pânico coletivo leva a corridas bancárias digitais; quanto mais rápida a comunicação, mais veloz a espiral negativa.
Falhas de design algorítmico — modelos baseados em queima e emissão, como o da Terra, falham quando os resgates superam o controle de oferta.
Pressões externas — crises bancárias e colapsos econômicos podem afetar até stablecoins com lastro fiduciário, como o USDC em 2023.
Ataques e exploits — como o caso Yala, em que o invasor explorou falhas de governança e segurança cross-chain.
Lições e o caminho da transparência
A repetição desses episódios levou o mercado a buscar novos modelos de estabilidade. Entre as medidas mais promissoras estão:
Prova de reservas (Proof-of-Reserves) auditada em tempo real;
Supercolateralização com ativos líquidos e verificáveis;
Fundos de proteção (backstops) para absorver grandes vendas;
Auditorias de contratos inteligentes e controle multissig para reduzir riscos de ataques;
Conformidade regulatória com estruturas como o MiCA europeu ou as leis de stablecoins dos EUA.
O consenso entre analistas é que a próxima geração de stablecoins precisará ser radicalmente mais transparente e auditável — ou corre o risco de repetir os mesmos erros.
“Cada colapso expôs que confiança não pode ser presumida — precisa ser comprovada”, resume o analista Dilip Kumar Patairya, autor do artigo original publicado no Cointelegraph.
Fontes: Cointelegraph, CoinMarketCap, Lookonchain, Yala Network
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