Plano Milei no Brasil: solução ou caos?
Em meio à crescente insatisfação com o tamanho e a ineficiência do Estado brasileiro, a ideia de implementar um “plano Milei”, como o defendido pelo presidente argentino Javier Milei, surge como uma alternativa radical para enxugar a máquina pública. Mas será que o Brasil está preparado para uma transformação tão profunda?
O que é o plano Milei?
Javier Milei propõe cortar gastos públicos com a mesma intensidade de uma motosserra: reduzir ministérios, privatizar estatais e acabar com subsídios e regulações que ele considera entraves ao mercado. O objetivo é simples — devolver o poder ao setor privado e eliminar o Estado como intermediário ineficiente.
Se algo semelhante fosse aplicado no Brasil, os impactos seriam profundos e, possivelmente, traumáticos.
O cenário brasileiro
O Brasil possui uma das máquinas públicas mais caras do mundo. São milhares de cargos comissionados, estatais deficitárias, um funcionalismo público inchado e um sistema de benefícios sociais que consome boa parte do orçamento. Embora alguns desses gastos sejam necessários, muitos são mantidos por puro interesse político e corporativista.
Um plano inspirado no “modelo Milei” enfrentaria resistência imediata de partidos, sindicatos e setores que se alimentam do gigantismo estatal. Mas, ao mesmo tempo, poderia ser uma solução para o sufocante déficit público e para a pesada carga tributária que paralisa o empreendedorismo.
Os impactos esperados
A curto prazo, os cortes seriam brutais. Programas sociais, como o Bolsa Família, poderiam ser reduzidos ou eliminados. O funcionalismo público enfrentaria demissões em massa, e setores dependentes de subsídios, como educação e saúde, seriam diretamente impactados.
Essas medidas trariam instabilidade econômica e social, com aumento do desemprego e retração no consumo. Protestos e manifestações seriam inevitáveis, como já vimos em outros momentos de ajuste fiscal.
Por outro lado, o longo prazo poderia reservar ganhos significativos: redução do déficit público, controle da inflação, um setor privado mais dinâmico e competitivo, além de uma economia menos dependente do Estado. O problema é: o Brasil suportaria a turbulência inicial?
Privatizações e riscos
Um dos pilares do “plano Milei” é a privatização de estatais. No Brasil, empresas como Petrobras, Caixa e Banco do Brasil frequentemente aparecem no radar de propostas de desestatização. Contudo, privatizar sem regulação adequada pode levar a monopólios privados, prejudicando ainda mais o consumidor.
Além disso, setores estratégicos como energia, saneamento e transportes exigem um planejamento de longo prazo, algo que governos brasileiros historicamente negligenciam.
O dilema brasileiro
Adotar um plano radical como o de Milei seria uma faca de dois gumes. De um lado, a chance de modernizar o Estado, reduzir impostos e atrair investimentos estrangeiros. De outro, o risco de colapsar serviços básicos, gerar instabilidade social e aprofundar desigualdades.
A pergunta que fica é: temos lideranças políticas com coragem e competência para conduzir um ajuste dessa magnitude? Ou continuaremos na zona de conforto, adiando reformas e empurrando o Brasil para uma crise fiscal ainda mais grave?
Como diz Milei, “os covardes sempre escolhem o gradualismo e acabam no fracasso”. Talvez o Brasil precise de algo radical. A questão é: estamos prontos para pagar o preço?
Por André Costa


