Méliuz: A Grande Aposta no Bitcoin – Estratégia ou Insanidade?
A Méliuz, tradicionalmente conhecida por seu modelo de cashback e serviços financeiros, decidiu dar um passo ousado no mercado cripto. A companhia anunciou a compra de R$ 160,8 milhões em bitcoin, alocando praticamente todo o seu caixa na criptomoeda. Essa decisão transforma a Méliuz em uma verdadeira “bitcoin treasury company”, colocando-a no radar de investidores arrojados e entusiastas do mercado digital.
A Grande Jogada
Essa não é a primeira vez que a Méliuz se aventura no universo das criptomoedas. Dois meses atrás, a empresa já havia feito sua primeira aquisição, investindo R$ 24 milhões em bitcoin. Naquele momento, a decisão foi vista com curiosidade e até ceticismo por muitos, mas o mercado reagiu positivamente: as ações da empresa dispararam, passando de R$ 3,26 para R$ 8,35, um aumento superior a 150%. A liquidez também explodiu, saltando de R$ 4 milhões para R$ 45 milhões em volume diário.
Israel Salmen, fundador e chairman da Méliuz, reconhece que a mudança de estratégia foi fundamental para atrair um novo público. Durante o podcast André Talks, que gravei recentemente com ele, Israel destacou que a aposta no bitcoin trouxe um perfil de investidor diferente do tradicional. “Atraímos a atenção do público cripto, que é um público muito maior que o investidor de Bolsa. Teve muita gente nova entrando na ação por conta dessa estratégia”, comentou Salmen.
A Inspiração MicroStrategy
Salmen não esconde que a Méliuz se espelha na MicroStrategy, a gigante americana que lidera o ranking de detentores de bitcoin, com 568,8 mil BTC e valor de mercado de US$ 110 bilhões. A ideia da Méliuz é usar o caixa da empresa para continuar comprando bitcoins, além de buscar novos recursos através de follow-ons e captações de dívida. A movimentação reforça a visão da empresa de que o bitcoin pode funcionar como uma reserva de valor sólida, especialmente em tempos de incerteza econômica.
Durante a conversa no André Talks, Israel deixou claro que a decisão foi tomada com responsabilidade e planejamento. Ele afirmou que a empresa está pensando no longo prazo e que o bitcoin é uma aposta de liberdade financeira, buscando proteger o patrimônio dos acionistas contra a desvalorização do dinheiro fiduciário.
O Risco Calculado
A compra dos 274,5 bitcoins foi realizada a um preço médio de US$ 103,6 mil por unidade. Com isso, a Méliuz agora possui 320 bitcoins em seu portfólio e mantém apenas R$ 60 milhões em caixa, o suficiente para cobrir os custos da operação por cerca de seis meses. A estratégia foi aprovada após uma assembleia de acionistas, que também ofereceu o direito de recesso aos investidores no valor de R$ 3,93 por ação.
Financeiramente, o impacto positivo já foi sentido. A empresa registrou uma receita líquida de R$ 100 milhões no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 22% em relação ao ano anterior, com um EBITDA de R$ 17,8 milhões — três vezes maior do que no mesmo período do ano passado. A geração de caixa foi de R$ 9 milhões no trimestre.
Aposta ou Insanidade?
A decisão da Méliuz de apostar quase todo seu caixa em bitcoin levanta debates intensos. Por um lado, a valorização das ações e o aumento da liquidez demonstram que o mercado aprovou a estratégia até agora. Por outro, críticos questionam a segurança de atrelar o futuro da empresa a um ativo tão volátil.
Como Israel Salmen colocou no André Talks, o objetivo é estar na vanguarda de um movimento financeiro inevitável. Para ele, o bitcoin não é apenas um investimento, mas uma proteção contra o sistema financeiro tradicional. Contudo, resta saber se o mercado vai continuar enxergando essa visão com otimismo ou se a volatilidade da criptomoeda pode virar uma pedra no caminho da Méliuz.
Conclusão: Herói Visionário ou Vilão Inconsequente?
A história ainda está sendo escrita. Enquanto alguns enxergam a Méliuz como uma pioneira no mercado cripto brasileiro, outros a veem como uma empresa imprudente, arriscando sua sobrevivência no mercado financeiro.
Acompanhe mais sobre essa e outras histórias no André Talks. No episódio completo, Israel Salmen compartilha sua visão de futuro para a Méliuz e como o bitcoin pode transformar a forma como empresas lidam com tesouraria e investimentos.
Deixe seu comentário e participe desse debate: Méliuz está fazendo história ou cavando sua própria cova?



