🇺🇸 EUA realizam a maior apreensão de Bitcoin da história: mais de US$ 15 bilhões em cripto foram confiscados pelo Departamento de Justiça
Maior confisco de Bitcoin da história: EUA apreendem US$ 15 bilhões após obter as chaves privadas do líder de megafraude.
Em um dos episódios mais marcantes da história do Bitcoin e do combate internacional ao crime financeiro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) anunciou nesta terça-feira (14) a apreensão de aproximadamente 127.271 bitcoins, avaliados em cerca de US$ 15 bilhões. Trata-se da maior apreensão de criptomoedas já realizada por autoridades americanas, superando o caso de 94.636 BTC apreendidos em 2022 no processo contra Ilya Lichtenstein e Heather Morgan, ligados ao hack do Bitfinex.
A operação é parte de uma investigação internacional contra Chen Zhi — conhecido como “Vincent Chen” — presidente do conglomerado asiático Prince Group. Ele foi indiciado por operar complexos de trabalho forçado e fraudes financeiras no Camboja, com foco em esquemas de investimentos fraudulentos baseados em criptomoedas, conhecidos como “pig butchering scams” (literalmente, “abate de porcos”), que enganaram milhares de vítimas nos Estados Unidos e em diversos outros países.
🧠 O caso: fraudes bilionárias e trabalho forçado no Sudeste Asiático
De acordo com a acusação formal do DOJ (Department of Justice, comunicado oficial), Chen liderava uma rede de operações criminosas que combinava tráfico de pessoas, coerção e golpes financeiros em larga escala. Vítimas eram atraídas para trabalhar em instalações no Camboja sob falsas promessas de emprego e, ao chegarem, eram forçadas a participar de fraudes on-line, criando perfis falsos e manipulando investidores para enviar grandes quantias em criptomoedas.
Entre 2018 e 2020, o grupo movimentou bilhões de dólares em ativos digitais, mascarando o dinheiro como “investimentos” em exchanges falsas e serviços fraudulentos. O DOJ afirma que Chen manteve pessoalmente registros detalhados dos endereços de carteiras e das frases-semente (seed phrases) associadas às chaves privadas, um fator crucial que possibilitou a apreensão posterior.
🕵️♂️ Como os EUA chegaram às carteiras
Segundo documentos do processo civil de confisco (forfeiture) e relatórios de análise blockchain, Chen distribuiu os lucros da fraude em cerca de 25 carteiras de Bitcoin não hospedadas (unhosted wallets). Essas carteiras, controladas diretamente por ele e não por exchanges centralizadas, armazenavam valores que, em dezembro de 2020, já ultrapassavam US$ 14 bilhões.
A investigação contou com cooperação internacional entre:
Departamento de Justiça dos EUA (DOJ)
Federal Bureau of Investigation (FBI)
Departamento de Segurança Interna (DHS)
Agências de aplicação da lei do Reino Unido e do Camboja
A análise forense foi conduzida com apoio de empresas especializadas em rastreamento on-chain, como TRM Labs e Chainalysis, que mapearam a movimentação dos fundos através de centenas de transações interligadas. Segundo o relatório da TRM Labs, a equipe de investigação conseguiu identificar os clusters de carteiras, reconstruir os fluxos e confirmar que todas estavam diretamente associadas aos lucros dos esquemas fraudulentos.
🔑 O ponto-chave: seed phrases e controle direto
A grande questão levantada pela comunidade cripto é: como os EUA conseguiram confiscar Bitcoins que estavam fora de exchanges e, teoricamente, sob autocustódia?
A resposta, segundo os documentos do DOJ, está em um erro crucial cometido por Chen: ele manteve registros físicos e digitais das frases-semente das carteiras. Ao cumprir mandados de busca e apreensão, as autoridades teriam obtido esses registros diretamente nos escritórios e servidores controlados pelo acusado.
Em outras palavras, o governo não “hackeou” a blockchain — ele apreendeu as chaves privadas do próprio criminoso. Isso permitiu que o DOJ transferisse os fundos para carteiras sob custódia estatal, conforme autorização judicial no processo de forfeiture civil, uma ação que permite a apreensão de bens vinculados a atividades criminosas mesmo sem condenação penal definitiva.
📉 Dormência e movimentação dos fundos
Análises de blockchain mostram que a maioria dos fundos estava dormindo desde dezembro de 2020, sem movimentação significativa. Isso indica que Chen provavelmente optou por armazenar os lucros em Bitcoin de longo prazo — uma decisão que, ironicamente, facilitou a identificação e a apreensão.
A operação também demonstra a capacidade crescente dos governos de rastrear e confiscar ativos digitais, desde que tenham acesso às chaves privadas ou consigam vincular legalmente os endereços a atividades criminosas.
📊 O impacto para o mercado de Bitcoin
O confisco de 127.271 BTC levanta questões sobre o destino desses fundos. Historicamente, os Estados Unidos costumam leiloar os bitcoins apreendidos, como ocorreu com os ativos confiscados do Silk Road e no caso do Bitfinex. Se o governo seguir o mesmo caminho, o leilão poderá representar uma das maiores vendas institucionais de Bitcoin já realizadas — com impacto potencial sobre a liquidez e o preço no curto prazo.
Além disso, a ação reforça um precedente legal importante: a autocustódia não é um escudo absoluto contra apreensão judicial, desde que o Estado consiga ligar o ativo a um crime e acessar as chaves por meios legais.
🪙 Conclusão: um marco histórico na relação entre Estado e Bitcoin
Com esta apreensão recorde, o governo dos Estados Unidos demonstra que está disposto e preparado para enfrentar crimes financeiros em escala global envolvendo criptoativos. A operação marca um ponto de virada: mostra que mesmo fundos fora do sistema financeiro tradicional não estão além do alcance da lei — desde que a investigação seja precisa, internacional e tecnicamente sofisticada.
Para a comunidade Bitcoin, o caso também serve como lembrete de que “Not your keys, not your coins” continua sendo verdadeiro — mas que a lei pode alcançar até mesmo quem detém suas próprias chaves, se houver evidências criminais suficientes.
📚 Fontes oficiais:
Departamento de Justiça dos EUA – justice.gov
TRM Labs – Relatório técnico da operação
CoinDesk – DOJ Seizes Record $15 Billion in Bitcoin
The Block – Largest Crypto Seizure in US History
Cointelegraph – US DOJ Seizes 127,000 BTC Linked to Fraud
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