O número de empresas que estão reconhecendo o Bitcoin como ativo de tesouraria está crescendo rapidamente. Segundo dados do portal BitcoinTreasuries.net, empresas públicas já controlam cerca de 1,05 milhão de BTC, enquanto companhias privadas adicionaram mais 279.185 BTC, somando 1,33 milhão — aproximadamente 6,3% de toda a oferta da criptomoeda.
A grande questão agora é: essas reservas permanecerão paradas ou serão usadas para gerar retorno financeiro?
Para Willem Schroé, fundador da Botanix Labs — uma rede de yield em Bitcoin — muitas empresas já estão de olho em estratégias de empréstimos e rendimento.
“Há muitas companhias privadas e investidores institucionais explorando formas de colocar seu Bitcoin para trabalhar”, disse ao site Cointelegraph.
Pelo menos 273 empresas públicas e privadas relataram investimentos em Bitcoin. Fonte: BitcoinTreasuries.NET
ETFs seguram mais BTC que empresas — mas não podem gerar yield
Os ETFs de Bitcoin à vista controlam cerca de 1,7 milhão de BTC — mais que todas as tesourarias corporativas combinadas. No entanto, as regras regulatórias impedem que esses fundos utilizem o ativo para empréstimos, staking ou qualquer forma de rendimento.
Por exemplo, o prospecto do iShares Bitcoin Trust — da BlackRock — proíbe explicitamente qualquer uso de BTC como colateral para operações financeiras, mantendo o fundo como um veículo passivo de preço.
Enquanto isso, algumas tesourarias cripto — como a DeFi Development Corp — já experimentam estratégias de yield ao participar de protocolos DeFi em redes como Solana.
Bitcoin caminha para sua “camada financeira”
A proposta da Botanix Labs é criar uma sidechain compatível com EVM, permitindo que usuários depositem BTC em contratos inteligentes e recebam tokens que geram rendimento — mantendo custódia total de seus ativos. Hoje, a rede já oferece cerca de 3,46% de APR em BTC staked.
Diferentemente de modelos falhos como o da Celsius Network, que colapsaram com riscos de contraparte e alavancagem opaca, o foco da Botanix é vincular o rendimento ao uso da rede, de forma similar às recompensas de staking da Ethereum.
“O Bitcoin já venceu como dinheiro. O próximo passo é torná-lo um sistema financeiro funcional”, disse Schroé.
O debate entre utilidade e pureza do Bitcoin
Essa evolução, no entanto, divide a comunidade. De um lado, construtores enxergam no yield e nos empréstimos o caminho natural para transformar o BTC em infraestrutura econômica real. Do outro, puristas alertam para riscos sistêmicos semelhantes aos que colapsaram o mercado cripto em 2022.
Seja como for, o movimento de empresas públicas e privadas — aliado à sofisticação de protocolos nativos de yield — indica que o Bitcoin está saindo do papel de “ouro digital” para se tornar base de um novo sistema financeiro global.
