Empresas aceleram staking de Ethereum e enxugam oferta de ETH no mercado
Tesourarias corporativas travam bilhões de dólares em Ether para gerar renda passiva, reforçando a confiança de longo prazo no ativo mesmo com cautela de traders profissionais
O Ethereum vem passando por uma mudança silenciosa, porém estrutural, no perfil de seus maiores detentores. Cada vez mais, empresas com grandes tesourarias em cripto estão optando por fazer staking de Ether, em vez de manter os ativos líquidos ou disponíveis para venda. O movimento reduz a quantidade de ETH circulando no mercado e altera a dinâmica de oferta da segunda maior criptomoeda do mundo.
O exemplo mais recente veio da BitMine Immersion Technologies, atualmente a maior detentora corporativa de Ether. Dados da plataforma Lookonchain indicam que a empresa colocou em staking cerca de 342.560 ETH, avaliados em mais de US$ 1 bilhão, em apenas dois dias antes do último domingo.
O staking consiste no bloqueio de ETH na rede Ethereum, que opera em modelo de proof-of-stake, permitindo que validadores garantam a segurança da blockchain em troca de um retorno anual estimado entre 3% e 5%. Na prática, trata-se de uma forma de renda passiva que tem atraído empresas interessadas em rentabilizar ativos ociosos de longo prazo.
Fila de validadores revela mudança de comportamento
A movimentação da BitMine teve impacto direto na infraestrutura da rede. A fila de entrada de validadores passou a ser quase o dobro da fila de saída pela primeira vez em mais de seis meses, sinalizando que há muito mais entidades dispostas a travar ETH do que a retirá-lo.
Dados do site ValidatorQueue mostram que cerca de 739.824 ETH aguardam para entrar em staking, com tempo de espera de aproximadamente 12 dias e 20 horas. Em contrapartida, a fila de saída soma 349.867 ETH, com prazo médio de 6 dias.
Historicamente, quando a fila de saída cresce mais que a de entrada, o mercado interpreta como sinal de que validadores pretendem desbloquear Ether para possível venda. O cenário atual aponta o oposto: uma preferência clara por manter o capital travado, reforçando a leitura de confiança estrutural no ativo.
Tesourarias corporativas disputam rendimento em ETH
A BitMine não está sozinha. Outras grandes empresas com exposição relevante ao Ethereum vêm adotando estratégia semelhante. A SharpLink Gaming, segunda maior detentora corporativa de ETH, informou que fez staking de quase 100% de suas reservas, acumulando 9.701 ETH em recompensas, avaliadas em cerca de US$ 29 milhões.
Já a The Ether Machine, terceira colocada no ranking, com aproximadamente US$ 1,49 bilhão em ETH, afirmou ter 100% da tesouraria em staking on-chain. A empresa destacou ainda que seus validadores figuram de forma recorrente entre os 5% mais eficientes da rede em termos de retorno.
Esse comportamento coletivo tem um efeito direto no mercado: menos Ether disponível para negociação, menor pressão de venda e maior escassez relativa — fatores geralmente associados a uma leitura positiva para o valor do ativo no longo prazo.
Smart money segue cauteloso no curto prazo
Apesar do avanço do staking corporativo, nem todos os agentes de mercado compartilham do mesmo entusiasmo. Dados da plataforma Nansen indicam que traders classificados como “smart money”, conhecidos pelo alto desempenho histórico, continuam reduzindo posições em ETH no mercado à vista, mantendo uma postura mais defensiva no curto prazo.
A divergência reforça o atual momento do Ethereum: enquanto empresas estruturam estratégias de rendimento e acumulação de longo prazo, parte do capital mais tático segue cautelosa diante do cenário macroeconômico e da volatilidade do mercado cripto.
Ainda assim, o crescimento consistente do staking corporativo sugere que o Ethereum está se consolidando não apenas como infraestrutura tecnológica, mas também como ativo produtivo, capaz de gerar fluxo de caixa recorrente para grandes tesourarias — uma transformação que pode redefinir seu papel no sistema financeiro digital.
Fonte: Lookonchain; ValidatorQueue; dados corporativos; Nansen.
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