Do Luxo ao Crime: Como Influenciadores e Criptomoedas se Tornaram Peças-Chave em um Esquema Bilionário
A operação “Narco Bet” revela a face mais obscura do mercado digital: bets, offshores e criptomoedas usadas para lavar centenas de milhões ligados ao tráfico internacional e apostas ilegais.
São Paulo – Outubro de 2025 – O Brasil acompanhou perplexo uma das maiores operações da história recente contra lavagem de dinheiro, tráfico internacional e uso criminoso de criptomoedas. A Polícia Federal deflagrou a Operação Narco Bet, que desmontou um esquema bilionário liderado pelo influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, e seu contador, Rodrigo de Paula Morgado. A dupla teria movimentado mais de R$ 630 milhões usando empresas de fachada, plataformas de apostas online e criptoativos para ocultar e legitimar recursos ilícitos.
A ascensão meteórica e a queda anunciada
Com mais de 15 milhões de seguidores, Buzeira construiu sua imagem como um “self-made man”: ostentação, sorteios milionários e viagens internacionais eram a vitrine de um império digital. Mas, segundo a PF, por trás dessa narrativa de sucesso havia uma sofisticada estrutura criminosa. Rifas não regulamentadas, contratos de publicidade fictícios e empresas em paraísos fiscais eram apenas a superfície de um esquema desenhado para esconder a origem real do dinheiro.
Em 14 de outubro, policiais federais cercaram a mansão do influenciador em Igaratá (SP), apreendendo carros avaliados em mais de R$ 20 milhões, dezenas de motos, armas e até pedras preciosas com suposto valor bilionário. Buzeira foi preso junto com Morgado, que já era investigado desde 2022 por ligação com um carregamento de 3 toneladas de cocaína apreendido em um veleiro com destino à Europa.
O papel das criptomoedas: da anonimização ao reingresso no sistema financeiro
Investigações revelaram que a dupla utilizava criptomoedas como ferramenta central da lavagem de dinheiro. A estratégia incluía armazenar fundos em cold wallets — carteiras físicas que não deixam rastros digitais —, realizar transferências para exchanges estrangeiras com pouca regulação e, posteriormente, reconverter os valores em reais por meio de empresas no Brasil.
Em uma conversa interceptada, Morgado orienta Buzeira a “deixar todos os investimentos em um dispositivo sem rastros governamentais” e apenas converter em moeda fiduciária no momento do saque. Essa tática permitia que milhões circulassem livremente fora do alcance de autoridades fiscais e financeiras.
Bets e offshores: o disfarce perfeito
Outro elemento-chave do esquema foi o uso de casas de apostas online. A dupla tentou obter uma licença oficial para operar no Brasil, e, ao falhar, partiu para o “plano B”: comprar empresas já licenciadas e usá-las como fachada para movimentar grandes somas.
As bets funcionavam como um canal para justificar entradas e saídas de dinheiro em volumes incompatíveis com a realidade do negócio. Empresas sediadas em locais como Curaçao, no Caribe, eram utilizadas para emitir notas fiscais milionárias — como uma cobrança de R$ 50 milhões por seis meses de “publicidade” — que serviam para dar aparência legal ao dinheiro do tráfico e das rifas ilegais.
A estrutura de lavagem: um circuito em três etapas
Colocação: O dinheiro oriundo do tráfico e das rifas entrava no sistema por meio de apostas, sorteios e empresas de fachada.
Camuflagem: Os valores eram convertidos em criptomoedas, enviados para offshores e misturados com capital aparentemente legítimo.
Integração: Finalmente, o dinheiro retornava à economia formal na forma de bens de luxo, imóveis e investimentos.
Impactos e consequências para o mercado cripto
A Operação Narco Bet é um alerta claro para o setor de criptoativos. A tecnologia, que oferece liberdade e eficiência financeira, também pode ser usada como escudo para atividades ilícitas. Isso deve acelerar o endurecimento regulatório no Brasil, com exigências mais rígidas de KYC (Conheça Seu Cliente) e AML (Prevenção à Lavagem de Dinheiro)em exchanges, além de um monitoramento mais intenso de operações envolvendo apostas online.
Autoridades internacionais, como a polícia alemã e a DEA americana, já colaboram com a PF para rastrear fundos e identificar conexões globais. O caso mostra que a fronteira entre o mundo digital e o crime organizado é cada vez mais tênue — e que a descentralização financeira pode ser tanto um instrumento de liberdade quanto um facilitador de fraudes em escala global.
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Fontes: Polícia Federal, CNN Brasil, G1, Veja, MoneyTimes, Diário Crypto.



