DIÁRIO CRYPTO – 5 DE DEZEMBRO DE 2025
PCE NO RADAR: BITCOIN ENTRE A FRAGILIDADE ON-CHAIN E A CORRIDA AOS US$ 100 MIL
1. Panorama Global Cripto
O mercado de criptomoedas amanhece em compasso de espera. O Bitcoin voltou a subir com força depois do último movimento de venda, recuperou a parte superior de sua faixa recente e agora disputa a região de US$ 92 mil–US$ 93 mil enquanto os traders se posicionam para a divulgação do PCE, índice de inflação favorito do Federal Reserve.
A liquidez está mais estável e a volatilidade parece pronta para aumentar. O nível de US$ 88 mil segue como suporte crucial nos gráficos de prazos mais longos; acima dele, a estrutura continua construtiva e mantém viva a possibilidade de um ataque à zona dos US$ 100 mil caso o PCE traga uma leitura mais fria de inflação.
Do lado macro, dois vetores sustentam esse cenário:
O índice do dólar (DXY) se encontra sobrecomprado em uma área importante de resistência, o que abre espaço para um enfraquecimento adicional da moeda americana.
A dominância das stablecoins, em especial USDT, também está esticada. Quando essa dominância recua, é comum vermos capital girando de volta para Bitcoin e altcoins.
As apostas em mercados de previsão refletem esse otimismo moderado: as probabilidades implícitas indicam mais de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros americana em dezembro. Se o PCE confirmar o cenário de inflação em desaceleração, o Bitcoin ganha argumento para recuperar com firmeza o patamar da abertura anual em torno de US$ 93 mil e voltar a mirar as máximas do ano. Caso contrário, a perda desse nível deixa a posição da moeda mais frágil às vésperas do fim de semana.
2. Fragilidade On-Chain e Comportamento dos Detentores
Os dados on-chain ajudam a explicar o clima de tensão.
Levantamentos recentes mostram que a última correção do Bitcoin gerou o maior pico de perdas realizadas desde o colapso da FTX em 2022. A maior parte desse prejuízo foi assumida por detentores de curto prazo, que capitularam durante o recuo, enquanto os detentores de longo prazo permaneceram relativamente estáveis em suas posições.
Hoje, mais de um quarto da oferta de BTC está abaixo do preço de compra, o que torna o mercado sensível a novos choques até que a moeda recupere patamares estruturais mais altos. A batalha em torno da região de abertura do ano – próxima a US$ 93 mil – funciona como divisor de águas entre continuidade de tendência de alta e um cenário mais defensivo.
3. Ethereum, Derivativos e ETFs
Se o Bitcoin ainda testa resistências, o Ethereum vem se destacando como um dos ativos mais fortes desde o fundo recente. Analistas destacam que, se as relações históricas de valuation forem retomadas, há espaço relevante para reprecificação positiva de ETH.
Esse sentimento aparece com clareza no mercado de opções: os contratos de compra (calls) com strike em US$ 6.500 registram hoje o maior interesse em aberto de toda a curva de opções de ETH, somando aproximadamente US$ 380 milhões. Esse tipo de concentração costuma anteceder movimentos expressivos de preço.
No segmento de produtos regulados, o ano segue marcado pela proliferação de ETFs cripto. Foram lançados os dois primeiros ETFs de Sui (SUI), que se somam a uma lista que já chega a 74 produtos do tipo em 2025, reforçando a institucionalização da classe de ativos.
Nem tudo, porém, é positivo. As probabilidades de deslistagem de Strategy – empresa exposta ao universo cripto – avançaram para a casa de 70%, adicionando mais um elemento de incerteza à equação macro que o mercado precisa precificar.
4. Altcoins, Infraestrutura e DeFi
Enquanto o Bitcoin aguarda o dado de inflação, as altcoins começam a se mover sob a superfície.
Aster (ASTER) anunciou a queima de 77,86 milhões de tokens, retirando de circulação cerca de US$ 79,8 milhões após a conclusão de seu programa de recompra S3. Reduções de oferta com regras claras e previsíveis tendem a fortalecer a confiança de longo prazo na tese do ativo.
Hyperliquid (HYPE) consolidou-se novamente como líder em geração de taxas. A rede arrecadou cerca de US$ 2,4 milhões em taxas nas últimas 24 horas, voltando ao topo do ranking entre todas as cadeias. Em momentos de incerteza macro, o fluxo de negociação tende a se concentrar em ecossistemas vistos como mais eficientes e confiáveis, e Hyperliquid vem colhendo os frutos dessa preferência.
Aerodrome Finance (AERO) mantém um comportamento técnico sólido na véspera de sua listagem na Robinhood. O gráfico mostra avanço controlado, sem explosões especulativas – dinâmica que, muitas vezes, antecede movimentos mais amplos quando novas fontes de liquidez se abrem.
Zcash (ZEC) aparece como surpresa do dia em termos de tração social, ficando atrás apenas do Bitcoin nas métricas de menções e engajamento. Narrativas de privacidade tendem a ganhar força em períodos de tensão macro, e a movimentação atual de ZEC resgata esse padrão histórico.
No front de DeFi, chama atenção o avanço da Grvt, hub de trading e investimentos construído sobre ZKsync com foco em privacidade. A plataforma combina:
remuneração fixa em torno de 10% ao ano sobre o patrimônio de conta de trading,
uso desses rendimentos como margem para aumentar alavancagem,
distribuição de pontos GRVT aos usuários (que representam 20% do suprimento de tokens destinado à comunidade),
e taxas de maker com rebate negativo em sua estrutura de margem unificada.
Tudo isso amparado por um modelo “privacy-first”, baseado em provas de conhecimento-zero, com cerca de US$ 34 milhões levantados em financiamento e suporte direto do ecossistema ZKsync.
Em meio à volatilidade guiada por dados macro, esse tipo de infraestrutura se vende como alternativa para investidores que buscam rendimento, efeito rede e proteção de dados em um mesmo pacote.
5. Seção Brasil – Bolsa em Alta, Economia em “Crescimento Frágil”
O mercado financeiro brasileiro encerra a semana em tom misto. De um lado, a B3 comemora recordes; de outro, indicadores macroeconômicos reforçam a narrativa de desaceleração com juros muito altos.
5.1. Principais movimentos
O Ibovespa rompeu novamente as máximas históricas e superou 164 mil pontos, com alta de 1,60% no pregão de 4/12, fechando em 164.455,61 pontos. O avanço foi puxado por commodities e bancos, com destaque para ações como Vale e Petrobras.
O dólar à vista encerrou o dia praticamente estável, em R$ 5,3103, mas projeções de mercado apontam possibilidade de R$ 5,50 ao fim de 2025 em cenários mais benignos e até R$ 5,96 em cenários de maior estresse cambial.
O Boletim Focus reduziu a projeção de PIB para 2025 para 2,16% (antes 2,19%) e a estimativa de inflação (IPCA) para 4,72% (de 4,83%), ainda ligeiramente acima do teto da meta de 4,5%.
A Selic segue estimada em 15% ao fim de 2025, com o mercado projetando corte até 12% em 2026.
A indústria acumula contração pelo sétimo mês consecutivo, com PMI de novembro em 48,8, enquanto o agro e o setor de energia mostram resiliência.
A dívida corporativa continua ativa, com operações como a da Itaúsa, que aprovou R$ 8,722 bilhões em proventos adicionais a serem pagos até 9/12.
5.2. Bolsa de Valores: otimismo contracíclico
No acumulado do ano, o Ibovespa sobe cerca de 28%, superando o índice de mercados emergentes (MSCI EM), que avança em torno de 18% em dólares. A rotação global em direção a ativos de maior retorno em um ambiente de dólar mais fraco favorece o Brasil, especialmente em setores ligados a materiais e energia, que respondem por quase um terço do índice.
O múltiplo P/L em torno de 14x indica prêmio em relação à média histórica local (~10x), mas ainda com desconto de 30%–40% frente a pares de mercados emergentes. Casas de análise projetam Ibovespa em até 190 mil pontos até o fim de 2026, mas com forte dependência do cenário fiscal e da corrida presidencial de 2026.
5.3. Câmbio, dívida e política monetária
O USD/BRL em R$ 5,31 espelha uma estabilidade apenas aparente. As projeções do Focus para R$ 5,50–R$ 5,96 refletem preocupações com desequilíbrios fiscais e com movimentos de “carry trade reverso”, em que investidores migram de juros brasileiros para Treasuries americanos à medida que os Estados Unidos reduzem gradualmente suas taxas.
A dívida pública deve fechar 2024 com emissões próximas de R$ 709 bilhões, alta de 77% ano contra ano, e tende a permanecer elevada em 2025. Essa dinâmica exige algum esforço de disciplina fiscal para reanimar o mercado de IPOs e consolidar a confiança de longo prazo.
Com a Selic em 15%, o Banco Central sustenta uma política monetária bastante restritiva. Economistas apontam que o crescimento de 0,1% do PIB no 3º trimestre sugere risco de recessão técnica, ainda que a inflação projetada de 4,72% abra espaço para um ciclo de corte entre o primeiro e o segundo trimestres de 2026.
5.4. Economia real e perspectivas
O quadro resume uma economia em “crescimento frágil”:
Agro e energia seguem com projeções de crescimento de lucros na casa de 15%.
A indústria recua devido à demanda externa mais fraca e tarifas, principalmente dos EUA.
O déficit fiscal e a trajetória da dívida alimentam receios de “crise financeira” em algum momento de 2025, embora a diversificação das exportações – com peso crescente da Ásia – atue como amortecedor.
Projetos de moeda digital de banco central, como o Drex, têm potencial para reduzir custos de intermediação e redesenhar o sistema de pagamentos, mas ainda levantam dúvidas sobre privacidade e tributação.
O balanço de riscos sugere visão positiva para ações brasileiras – sobretudo em dividendos e commodities – e mais cautelosa para câmbio e crescimento se a âncora fiscal não se fortalecer.
6. Seção Paraguai – Sistema Financeiro Forte, Natal Aquecido e Olho na Copa América
6.1. Mercado financeiro paraguaio
O Paraguai atravessa 2025 com um sistema financeiro robusto em um ambiente de incerteza global mais moderada.
O Indicador Econômico Financeiro (IEF) de novembro mostra:
crescimento do crédito de 17% ao ano,
mora de 2,5%, um dos menores níveis dos últimos anos,
forte expansão do crédito ao consumo e habitação, que cresceu 22,2% interanual no terceiro trimestre,
rentabilidade média com ROA de 1,6% e ROE de 13%,
capitalização do sistema acima de 12%, colocando o Paraguai entre os mais solventes da região.
No câmbio, o dólar iniciou dezembro em G. 6.930 no mercado efetivo (compra) e G. 6.957 no atacado, o menor patamar desde 2021, após uma queda acumulada de cerca de 180 pontos em novembro. Esse movimento se relaciona à redução das posições especulativas em dólar – de US$ 200 milhões para cerca de US$ 70 milhões – e à ausência de fundamentos que justifiquem uma desvalorização forte do guaraní.
Ainda assim, o mercado espera uma correção de alta para a faixa entre G. 7.200 e G. 7.500 até o fim do ano, puxada por fatores sazonais: pagamento de aguinaldos, remessas de fim de ano e programas sociais devem injetar em torno de G. 4,8 bilhões (cerca de US$ 682 milhões) na economia, beneficiando mais de 700 mil pessoas e impulsionando o consumo.
A inflação gira em torno de 4%, dentro da banda de meta de 3,5% ± 2 pontos, com o Banco Central mantendo a taxa de política monetária em 6% e projetando convergência para 3,7% nos próximos 12 meses. A balança comercial segue apoiada em soja e carne, com superávit externo próximo de 1%–2% do PIB em 2025.
O sistema bancário registrou aumento de 9,7% nos lucros até setembro, com destaque para instituições como Itaú e Continental. O regulador atualizou normas de transparência de tarifas para favorecer inclusão financeira, enquanto a supervisão de valores mobiliários reforça a integridade do mercado de capitais.
Uma das inovações mais relevantes é a incorporação da tokenização de ativos via blockchain na nova Lei do Mercado de Valores (novembro de 2025). A expectativa é que o país possa atrair até US$ 12 bilhões em Real World Assets (RWAs), reduzindo custos de intermediação e aproximando o Paraguai das grandes tendências de tokenização global.
No mercado internacional, o Paraguai realizou emissões em guaraníes (10 anos, 8,5%) e em dólares (30 anos, 6,65%), consolidando-se como um dos emissores latino-americanos com condições mais favoráveis em 2025. A dívida pública, ao redor de 30% do PIB, e a manutenção de ratings como ‘BB+’ permitem espaço para investimentos em infraestrutura.
Indicadores resumidos:
A combinação de crescimento robusto, inflação controlada e avanço regulatório em tokenização coloca o Paraguai em posição estratégica para 2026, embora persistam riscos climáticos no agro e a dependência de parceiros como Brasil e Argentina.
6.2. Natal no Paraguai: tradição, cultura e impacto econômico
O Natal paraguaio é celebrado em clima de verão, com forte componente familiar e comunitário. As festividades começam na véspera (24 de dezembro), misturando tradições católicas, indígenas e práticas modernas.
O “pesebre”, presépio montado com elementos locais, ocupa papel central nas casas e espaços públicos. Em 2025, o evento “La Navidad Florece en Paraguay” marcou oficialmente o início das festas em 30 de novembro, com o acendimento da árvore de Natal no Palacio de López, em Assunção. O evento reuniu milhares de pessoas, com show de drones, fogos de artifício, concerto da Orquesta Nacional de Música Popular e apresentações de artistas como Jazmín del Paraguay e Tierra Adentro.
Em Ciudad del Este, o projeto “Navidad del Este 2025” iluminou o Lago da República em 29 de novembro, com cerca de G. 500 milhões em decoração, incluindo um grande Papai Noel, shows populares e uma queima de fogos até a meia-noite.
À mesa, predominam assados de carne, saladas leves e pratos típicos como chipa guazú e dulce de mamón, acompanhados de clericó, bebida refrescante feita com frutas, vinho branco e erva-mate. Crianças percorrem as ruas com fogos, reforçando laços entre vizinhos.
Do ponto de vista econômico, os aguinaldos e gratificações movimentam o consumo, elevando as vendas do comércio entre 15% e 20% no período natalino. O desafio, para famílias e governo, é equilibrar essa injeção de liquidez com educação financeira, evitando endividamento excessivo após as festas.
6.3. Copa América 2028: onde entra o Paraguai?
No futebol, o debate mais recente gira em torno da sede da Copa América de 2028.
Há especulações de que Paraguai, Argentina e Uruguai possam dividir a organização do torneio como uma espécie de “ensaio geral” para o Mundial de 2030, do qual os três países devem receber partidas inaugurais. Rumores indicavam que um anúncio poderia acontecer hoje (5 de dezembro de 2025), em Washington, mas ele não se concretizou.
As negociações mais avançadas, segundo reportagens internacionais, apontam para uma nova edição do torneio nos Estados Unidos, em junho e julho de 2028, reunindo as 10 seleções da Conmebol e 6 da Concacaf, com calendário ajustado para não colidir com a temporada da MLS. Seria a terceira vez em 12 anos que o torneio aconteceria em solo norte-americano, após 2016 e 2024.
Para o Paraguai, uma eventual sede compartilhada teria impacto econômico relevante, com potencial de atrair algo entre US$ 500 milhões e US$ 800 milhões em investimentos, turismo e infraestrutura, sobretudo em Assunção e no Estadio Defensores del Chaco. Estudos preliminares estimam que a realização de jogos no país poderia adicionar entre 1% e 2% ao PIB no curto prazo, via construção civil, serviços e fluxo de visitantes.
A decisão final é esperada para 2026, em um equilíbrio entre a pressão por mais eventos de peso nos EUA e a necessidade de fortalecer o calendário de grandes competições na América do Sul.
7. Encerramento
O quadro deste 5 de dezembro de 2025 é de expectativa elevada:
O Bitcoin testa resistências importantes com a divulgação do PCE definindo o tom do fim de semana;
As altcoins se reorganizam silenciosamente, com queimas de tokens, dominância em taxas e narrativas de privacidade ganhando espaço;
O Brasil combina bolsa em recorde com juros ainda sufocantes e risco fiscal no horizonte;
O Paraguai se consolida como sistema financeiro sólido, celebra um Natal de forte impacto no varejo e mira oportunidades esportivas e de infraestrutura no médio prazo.
Em um mundo onde dados macro, política monetária e tokenização caminham juntos, entender como cada peça se conecta é o que separa o investidor amador do estrategista preparado.
Nada do que foi apresentado aqui constitui recomendação de investimento. Faça sempre a sua própria pesquisa.
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