DIÁRIO CRYPTO — 4 DE NOVEMBRO DE 2025
Mercado Cripto Entre o Fim do Ciclo e a Falta de Liquidez: a Ascensão dos Privacy Coins
Panorama Global do Mercado Cripto
O mês de novembro começa com um clima de apreensão no mercado cripto após uma das correções mais severas do ciclo. A liquidação em massa que começou em outubro continua drenando liquidez e confiança, com mais de US$ 1,37 bilhão em posições liquidadas nas últimas 24 horas, segundo dados da Coinglass. Além disso, holders de longo prazo venderam cerca de 405.000 BTC no último mês — o equivalente a quase metade das reservas do ETF IBIT da BlackRock.
Essa pressão vendedora não vem de traders alavancados, mas dos veteranos de mercado que decidiram realizar lucros em meio à incerteza. Do outro lado, a demanda institucional arrefeceu: mesas dos Estados Unidos passaram de compradoras a vendedoras líquidas, enquanto a liquidez global segue comprimida pela política fiscal e monetária americana.
O Tesouro dos EUA mantém o caixa do Treasury General Account (TGA) em níveis elevados, drenando dólares do sistema — um processo agravado pelo impasse orçamentário em Washington. Ao mesmo tempo, bancos estão aumentando depósitos no Reverse Repo Facility para fechar o mês com balanços mais robustos, o que reduz ainda mais a oferta de liquidez para ativos de risco.
Com o índice do dólar (DXY) voltando a subir, a pressão se intensifica sobre o Bitcoin e o restante do mercado. O cenário descrito por analistas como Raoul Pal indica um “vácuo de liquidez” que deve perdurar enquanto o governo americano mantiver o fluxo travado.
Estrutura e Sentimento de Mercado
Apesar da correção, há sinais de um possível piso técnico. Dados da CryptoQuant mostram entrada recorde de US$ 73 bilhões em stablecoins na Binance nos últimos 30 dias — o maior fluxo já registrado. O capital ainda não foi convertido em compras spot, o que explica o preço contido, mas indica “pólvora seca” aguardando uma reversão.
O índice de Medo e Ganância mergulhou novamente na zona de medo extremo, e análises históricas indicam que esse patamar costuma marcar fundos locais em mais de 90% das vezes.
Contudo, o macro ainda não ajuda: o S&P 500 acumula seis meses consecutivos de alta e opera próximo ao topo do canal, com valuation (P/E forward) em 22,7x — bem acima da média histórica. Uma simples correção de 5 a 10% no mercado acionário global seria suficiente para puxar o cripto ainda mais para baixo.
Bitcoin e Altcoins: Reset ou Fim do Ciclo?
O mercado parece dividido entre dois cenários.
Reset de liquidez: o ciclo ainda não terminou, mas passa por uma limpeza estrutural, removendo alavancagens e restabelecendo fundamentos antes de um último rali.
Topo silencioso: a hipótese mais pessimista aponta que o bull market pode ter terminado sem euforia — sem o “topo parabólico” típico dos ciclos anteriores.
Fatores críticos, como o tempo de duração do shutdown americano, as movimentações do TGA e fluxos de ETFs, definirão qual caminho prevalecerá. Até lá, o mercado seguirá “subindo uma montanha com uma mochila cheia de pedras”.
Setor em Destaque: Privacy Coins Resistindo à Tempestade
Enquanto as grandes criptomoedas e a maioria dos altcoins afundam, as moedas de privacidade despontam como o último setor em alta. Dados da Artemis mostram que o nicho foi o único com retorno positivo nas janelas de 7 e 30 dias.
O exemplo mais marcante é o Zcash (ZEC), que registrou alta de 24% em um único dia, contrastando com o mar vermelho do restante do mercado. O movimento é visto como uma reação natural a um ambiente de vigilância crescente e a uma sequência de falhas de segurança no DeFi.
O recente ataque de US$ 100 milhões à Balancer e os problemas na Stream Finance, que geraram prejuízos milionários, reforçaram o sentimento de desconfiança. Em tempos em que smart contracts e bridges perdem credibilidade, o investidor volta a valorizar autonomia e soberania financeira, pilares dos projetos de privacidade.
Além disso, o setor de privacidade ainda não viveu seu “boom especulativo” neste ciclo, o que pode torná-lo o próximo foco de capital caso o Bitcoin estabilize.
Conclusão Global
O mercado cripto enfrenta uma bifurcação crítica: de um lado, falta de liquidez e pessimismo extremo; do outro, fundamentos sólidos, stablecoins acumulando e setores resilientes despontando. A história mostra que esses períodos de dor costumam anteceder grandes oportunidades.
Como resume o relatório: “A dor é o imposto cobrado antes da próxima perna de alta.”
🌎 BRASIL
O mercado brasileiro vive um contraste: recorde histórico do Ibovespa aos 150 mil pontos e uma manhã de correção técnica. Após nove sessões consecutivas de alta e uma valorização de 25% no ano, os futuros apontam queda de 1%.
O dólar sobe para R$ 5,39, impulsionado pela fuga global para ativos de proteção e pela expectativa da reunião do Copom, que deve manter a Selic em 15%.
O Boletim Focus revisou para baixo a projeção de inflação (4,55% em 2025) e mantém o PIB estável em 2,16%, com perspectiva de cortes de juros apenas no segundo trimestre de 2026. O diferencial de juros reais — superior a 10% — continua atraindo capital estrangeiro, mas os riscos fiscais limitam o otimismo.
🇵🇾 PARAGUAI
O Banco Central do Paraguai (BCP) manteve a taxa básica em 6% pela 15ª vez consecutiva, sinalizando prudência monetária. O guaraní segue estável entre G$ 7.077 e G$ 7.084 por dólar, após deflação de -0,1% em outubro e inflação acumulada de 3,2% no ano.
Os créditos ao setor privado seguem em expansão, com baixa inadimplência e crescimento consistente, enquanto o Ministério da Economia e Finanças liberou G$ 111,7 bilhões em pagamentos a fornecedores, fortalecendo a liquidez interna.
O destaque internacional é o anúncio da entrada do Paraguai no índice J.P. Morgan GBI-EM a partir de 2026, o que deve impulsionar fluxos de capital.
O país se consolida como hub regional de estabilidade e integração, com projeção de crescimento do PIB entre 4% e 5% anuais e foco em diversificação industrial e turística.
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