Diário Crypto – 30 de Outubro de 2025
Bitcoin Cai Após Cortes de Juros e Encontro Trump–Xi: O Que Está Por Trás do Movimento?
🌍 Panorama Global do Mercado Cripto
O dia foi marcado por um choque entre política e liquidez. A reunião do FOMC transformou-se em um embate direto entre Jerome Powell e Donald Trump, enquanto o encontro de Trump com Xi Jinping trouxe esperança de um acordo comercial, reacendendo o apetite por risco. Mesmo assim, o Bitcoin reagiu com queda — reflexo de um aperto momentâneo de liquidez e sinais de estresse nos mercados monetários dos EUA.
Powell anunciou um corte de 25 pontos-base, reduzindo a taxa para 4,25%, classificando-o como um “corte de gestão de risco”. A meta de juros para o fim do ano foi revisada para 3,6%, mas o presidente do Fed ressaltou que não houve apoio generalizado para um corte de 50 bps, sinalizando cautela. Apesar disso, a história recente mostra que o Bitcoin costuma cair logo após as reuniões do Fed e, em seguida, atingir novas máximas quando a liquidez retorna — padrão observado nas últimas quatro decisões.
O indicador SOFR (Secured Overnight Financing Rate) atingiu níveis de estresse não vistos desde a pandemia, superando o IORB, taxa paga pelo Fed sobre reservas bancárias. Essa inversão indica aperto de liquidez — e historicamente, períodos assim precedem injeções de capital que impulsionam o Bitcoin. O uso do reverse repo facility caiu acentuadamente, reforçando a expectativa de que o fim do quantitative tightening (QT) esteja próximo.
💥 Encontro Trump–Xi e Impactos nos Ativos de Risco
Apesar do clima tenso antes da reunião, com postagens explosivas de Trump sobre armas nucleares, o encontro com Xi Jinping foi considerado positivo. Cresce a percepção de que um novo acordo comercial entre EUA e China está mais próximo, o que pode favorecer commodities e aliviar parte das pressões inflacionárias citadas por Powell.
Analistas como James E. Thorne, estrategista-chefe da Wellington-Altus, destacam que o movimento atual é apenas uma correção técnica antes da próxima alta: com o fim do QT e novos cortes de juros à vista, a maré de liquidez deve voltar a subir — e isso tende a ser altamente positivo para o Bitcoin e outros ativos digitais.
🔄 Fluxos e ETF: A Nova Fase do Ciclo Cripto
Mesmo em meio à volatilidade, os fluxos institucionais continuam. ETFs de Solana (SOL) têm atraído fortes entradas, com novos arquivos S-1 sendo submetidos, enquanto o interesse institucional por Ethereum cresce com o lançamento da plataforma “Institutions” pela Ethereum Foundation, voltada à integração de empresas tradicionais ao ecossistema cripto.
O mercado, portanto, vive um momento de rotação seletiva: não é um ciclo onde “todas as altcoins sobem”, mas sim uma fase em que líderes líquidos e projetos com infraestrutura robusta (custódia, compliance e gateways TradFi) captam a maior parte dos fluxos. A recomendação é clara — observar Bitcoin e Ethereum como termômetros, acompanhar o “ETF drip” da Solana e manter foco em ativos com uso institucional real.
🧩 Perspectiva: Liquidez, Política e Próximos Passos
Powell reforçou que o Fed “não está aqui para agradar traders, mas para manter o controle”, enquanto Trump tenta retomar protagonismo político e econômico. Paradoxalmente, se tarifas forem reduzidas e o impasse orçamentário em Washington for resolvido, o caminho mais provável é um giro de liquidez — e não um novo ciclo de alta de juros.
Até que o sistema mostre sinais claros de alívio (“as tubulações afrouxem”, nas palavras do relatório), a expectativa é de um mercado lateralizado — mas com fundamentos sólidos para retomada. Para investidores atentos, o cenário atual é uma oportunidade de acumulação antes do próximo impulso.
🇧🇷 Seção Brasil
O mercado financeiro brasileiro inicia o dia em correção técnica após sucessivos recordes no Ibovespa, que ontem superou 148 mil pontos pela 18ª vez no ano. A queda de 0,67%, para 147.643 pontos, reflete um ajuste pontual diante de incertezas globais.
O IGP-M surpreendeu com recuo de -0,36%, reforçando a tendência de desinflação e abrindo espaço para novos cortes na Selic. A FGV e o Boletim Focus projetam IPCA em 4,56% e PIB em 2,16% para 2025.
Nos mercados, o dólar sobe levemente a R$ 5,36, reagindo à tensão Trump–Xi, enquanto bancos e commoditiescorrigem ganhos recentes. A Vale divulgará resultados após o pregão, podendo definir o tom da próxima semana. O Brasil, com juros reais elevados e fundamentos sólidos, segue como destino atraente para fluxos globais de carry trade.
🇵🇾 Seção Paraguai
O governo de Santiago Peña lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento “Paraguay 2050”, projetando crescimento médio anual de 7% e redução da pobreza para um dígito em uma geração. A CEPAL elevou a projeção de crescimento do PIB paraguaio para 4,5% em 2025, a maior da América Latina.
O Ministério de Economia e Finanças desembolsou G$ 24.952 milhões (cerca de US$ 3,3 milhões) para fornecedores, reforçando o compromisso com a liquidez fiscal. Apesar do otimismo, apenas 10% dos paraguaios economizam formalmente, refletindo o desafio da inclusão financeira.
Com dívida pública de 30% do PIB e inflação controlada em 3,5%, o Paraguai mantém o status de “oásis de estabilidade” na região. O sucesso do plano 2050 dependerá da execução das reformas estruturais e da expansão do ahorro interno.
📘 Conclusão
O cenário global de 30 de outubro de 2025 mostra um ponto de inflexão: enquanto o Fed corta juros e o mercado se ajusta à volatilidade pós-FOMC, cresce a percepção de que o ciclo de liquidez pode recomeçar. O Bitcoin reage ao curto prazo, mas os fundamentos — fim do QT, aproximação EUA-China e expansão institucional — indicam que a próxima onda já está se formando.
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