Diário Crypto — 3 de novembro de 2025
Mercado cripto abre defensivo: ETFs têm saídas, Balancer sofre exploit e CPI (13/11) entra no foco
1) Panorama Global Cripto — o que move o dia
Contexto geral. A semana começa com viés de cautela nos ativos de risco. O Bitcoin opera na faixa dos US$ 107 milapós um outubro fraco (o pior para o mês em anos), e o mercado monitora a próxima leitura do CPI dos EUA (referente a outubro) marcada para 13 de novembro. A combinação “macro sensível + fluxo institucional fraco” mantém o apetite contido.
Derivativos e estrutura de mercado. O recuo de preço veio acompanhado de estresse pontual em derivativos ao longo da última quinzena: momentos de funding positivo em quedas recentes sugerem crowd comprado em níveis piores, elevando o risco de long traps no intradiário. A leitura tática continua sendo observar:
Funding: normalização após quedas (cuidado com reversões “sem patrocínio”).
Basis/Perps vs. Spot (CME/quarterlies): retorno à neutralidade pós-estresse costuma anteceder retomadas mais limpas.
Opções (IV e skew): inclinação para puts em dias de risco reforça prudência.
On-chain (validação, não gatilho). Nesta fase do ciclo, os painéis de MVRV/SOPR seguem úteis para evitar “comprar euforia / vender capitulação”. Para um bull case sustentável, pede-se SOPR > 1 de forma consistente e redução das pressões de oferta de curto prazo (queda na supply in profit de short-term holders).
Fluxo institucional (ETFs spot). A última semana de outubro registrou saídas líquidas relevantes nos ETFs spot de BTC nos EUA, o que pesou na tentativa de recuperação. Enquanto o net flow não voltar a positivo por alguns dias consecutivos, ralis tendem a ser mais frágeis.
DeFi/L2 (uso econômico real). Apesar da correção dos preços, o ecossistema de L2 mantém TVS (Total Value Secured) na casa de US$ 40 bilhões em janela anual — sinal de adoção estrutural resiliente de rollups e sidechains. Para triagem de qualidade em “dias ruins”, foque em:
TVL/fees/usuários de protocolos com tração estável;
Perfis de segurança em L2 (governança, upgrade keys, escape hatches).
Risco idiossincrático (DeFi). O Balancer reportou um exploit com perdas substanciais e consolidação de fundos em novas carteiras, adicionando headline risk ao setor DeFi no curto prazo. Monitorar comunicações oficiais e medidas de contenção em pools afetadas.
Catalisador macro. O CPI de outubro (13/11) é o binário principal das próximas duas semanas. Uma leitura “mais fria” tenderia a aliviar o dólar/juros e abrir espaço para risk-on; o inverso reforça o modo defensivo.
Síntese do viés (hoje).
Base: neutro-defensivo. Buscar confluência mínima de (i) melhora nos ETFs, (ii) funding/basis mais saudáveis e (iii) confirmação on-chain antes de convicções maiores.
Bull case tático: estabilização acima da faixa atual, funding normalizado e net inflows em ETFs → espaço para short squeeze e reteste de resistências perdidas.
Bear case tático: persistência de outflows + más manchetes (exploit/regs) → novos sweeps de liquidez antes de suportes mais firmes.
2) Seção Brasil — abertura com “cautela otimista”
Visão geral (3/11). O mercado local inicia a semana atento ao Boletim Focus e, sobretudo, à reunião do Copom (5–6/11). O Ibovespa abre próximo dos 149,5 mil pontos, dólar em R$ 5,38 (-0,06% na abertura), e apostas majoritárias de Selic mantida em 15% a.a. até o fim do ano.
Focus (tendências).
IPCA 2025: 4,55% (sexta queda semanal marginal).
PIB 2025: 2,5% (estável).
Dólar 2025: R$ 5,50 (estável).
Selic (fim de 2025): 15% (manutenção), com cortes apenas no 1T26.
Copom (leitura de cenário). Probabilidade majoritária de manutenção hawkish. A inflação de serviços e alimentos ainda pressiona; a comunicação deve preservar o viés de cautela. O tom do comunicado de quinta ditará o humor de novembro.
Bolsa, câmbio e setores.
Ibovespa flerta com os 150 mil (marco psicológico), sustentado por balanços e fluxo estrangeiro, mas com commodities mistas.
Destaques corporativos: expectativa por PETR4 e ITUB4 (dividendos, eficiência).
Dólar estabiliza na casa dos R$ 5,38: equilíbrio entre fluxo e risco fiscal.
Leitura estratégica.
Ações: viés “otimismo cauteloso”; correções de 3–5% em novembro seriam saudáveis. Um “Santa Claus rally” levaria o índice a ~155 mil até dezembro se o Copom suavizar o tom.
Câmbio: R$ 5,34–5,39 como faixa de curto prazo; risco de teste a R$ 5,50 em caso de surpresa hawkish/dólar forte.
Setores: bancos e consumo de qualidade em overweight; óleo & gás e mineração sensíveis ao ciclo global.
3) Seção Paraguai — estabilidade com desafios internos
Panorama (3/11). O Paraguai combina estabilidade macro (inflação ~4%, taxa básica ~6%) com crescimento projetado de 5,3% em 2025. O consumo transfronteiriço está aquecido e a digitalização do sistema financeiro avança, mas a dívida interna cresceu 199% nos nove primeiros meses, elevando a atenção à liquidez doméstica.
Dívida interna (ponto de atenção).
Salto de 199% jan–set/25; dívida total em US$ 19,7 bi (42,3% do PIB), com 13% interna e 86,8% externa.
Leitura: estratégia de financiamento local via bonos reduz exposição externa, mas pode encarecer yields e absorver liquidez de crédito ao setor privado (crowding out).
Projeções do BCP.
PIB 2025: 5,3%, sustentado por serviços, construção e agro.
Inflação: 4% interanual; arcabouço prudente e credibilidade institucional preservados.
Bancos: liquidez/solvência adequadas, padrão de supervisão internacional.
Sistema de previdência (IPS).
Ativos de US$ 2,8 bi (~5,8% do PIB), 95% em guaraníes, rendimento médio 7,88%.
Riscos: alta concentração doméstica e iliquidez em parte da carteira; recomendável diversificação gradual para reduzir vulnerabilidades cíclicas locais.
Boom de consumo estrangeiro.
Transações +66% no 3T (principalmente por argentinos), impulsionando comércio em Assunção/CDE e acelerando pagamentos digitais.
Efeito PIB: ganho de 0,5–1,0 p.p. via serviços e varejo; risco de dependência de vizinhos mais voláteis.
Síntese. O caso paraguaio segue como “benchmark de resiliência” na região: inflação ancorada, juros moderados, reservas confortáveis e avanço em inclusão financeira. O nó a desatar é o mix de dívida (mais interna, mais cara), que requer reformas e profundidade de mercado de capitais para sustentar o ciclo.
4) Conclusão — plano de voo para o investidor cripto
Hoje é dia de respeito à estrutura: sem inflows consistentes em ETFs e sem melhora de funding/basis, ralliessão vulneráveis.
DeFi/L2: priorize protocolos que mantêm TVL/fees/usuários estáveis sob pressão — líderes nesses métricos tendem a liderar a recuperação.
Risco tático: monitore o caso Balancer e evite “apertar o gatilho” em picos de volatilidade sem confirmação.
Catalisador dominante: CPI de 13/11. Reposicione o risco conforme dólar/juros reprecificarem.
Quer aprender a usar o Bitcoin para conquistar liberdade financeira? Conheça meu curso Soberania Crypto no site www.oandrecosta.com.br.



