DIÁRIO CRYPTO – 26 DE NOVEMBRO DE 2025
Crypto está quebrado — ou as regras mudaram?
PANORAMA GLOBAL: UM MERCADO EM TRANSIÇÃO PROFUNDA
Os últimos dias revelam um sentimento incômodo no mercado de criptoativos: a percepção crescente de que “algo está errado”. O Bitcoin virou para o campo negativo no acumulado do ano, enquanto metais, tecnologia e até títulos tradicionais renderam mais. A apatia tomou conta das redes, com buscas no Google para “crypto” atingindo mínimas de vários anos e debates públicos questionando a validade do próprio Bitcoin.
Esse pessimismo, no entanto, contrasta com o cenário estrutural mais favorável que o setor já viu:
A guerra regulatória arrefeceu.
Governos tratam Bitcoin como reserva estratégica.
ETFs detêm fatias significativas da oferta.
Marcos regulatórios nos EUA (como o Genius Act e o Clarity Act) formalizam integrações antes inimagináveis.
A grande ironia: o mercado vive um “stealth bear market” justamente quando seus fundamentos institucionais nunca foram tão sólidos.
BITCOIN: DA REBELDIA CYPHERPUNK AO ATIVO INSTITUCIONAL
A rápida deterioração do desempenho do BTC surpreendeu. Em apenas seis semanas, o ativo despencou de +32% no ano para cerca de –10%. Comparações relativas mostram o estrago:
Forte perda para Nasdaq, Tesla, Google e ouro.
Performance inferior até mesmo aos Treasuries americanos.
O quadro de fluxos também é preocupante:
Novembro caminha para registrar o maior fluxo mensal de saída da história de fundos de Bitcoin.
Holders antigos estão entregando moedas, com queda acentuada na oferta de longo prazo.
Instituições, governos, empresas públicas, miners e protocolos DeFi já controlam cerca de 18% de todo o supply — sendo mais de 5% apenas em tesourarias corporativas.
Isso reforça a narrativa de que o Bitcoin passou de “experimento cultural” para ativo macro institucionalizado.
A mudança gera um “problema de captura narrativa”: os principais porta-vozes agora são gestores, políticos e emissores de ETFs — não mais os cypherpunks.
MACRO: O CICLO AINDA NÃO VIROU
A situação do BTC deriva menos de fundamentos próprios e mais de um contexto macro difícil:
O PMI industrial segue abaixo de 50, sinalizando fraqueza econômica.
As perdas não realizadas no Bitcoin chegam a US$ 150 bilhões, o maior valor desde 2022.
Modelos de liquidez global (Fed, TGA, ECB, PBOC, BOJ etc.) indicam ausência de um novo ciclo de expansão monetária.
Enquanto isso, o capital especulativo migra para o hype do momento: ações de IA e empresas de nuvem.
O mercado está no modo “espera”. Sem crescimento e sem liquidez, o BTC perde destaque na corrida por retorno.
O VEREDITO: O SISTEMA NÃO ESTÁ QUEBRADO — ESTÁ MUDANDO
A sensação de colapso decorre da sobreposição de três transições simultâneas:
Narrativa: Bitcoin deixa de ser “moeda rebelde” e vira instrumento macro global.
Poder monetário: disputa entre Fed e Tesouro dos EUA sobre o futuro das stablecoins e reservas de BTC.
Ciclo econômico: crescimento, liquidez e apetite a risco ainda travados.
Não é o fim do setor. É apenas uma fase dolorosa de transição — e historicamente, fases assim precedem realinhamentos positivos.
ALTCOINS: A ACUMULAÇÃO SILENCIOSA COMEÇOU
Enquanto o Bitcoin sofre, os sinais de reversão nos altcoins se intensificam:
1. Leverage “resetada”
Grandes liquidações varreram posições alavancadas. É exatamente esse tipo de limpeza que abre espaço para novos ciclos.
2. “OTHERS Index” ganhando força
O índice das altcoins excluindo BTC começa a superar o Bitcoin — típico de estágios intermediários de um ciclo.
3. Dominância reage em suporte histórico
A recuperação da dominância das altcoins após tocar um piso de longo prazo sugere que o pior do sangramento relativo pode ter acabado.
4. ETH/BTC dá sinais de vida
O rompimento da tendência de baixa do par ETH/BTC antecedeu, em ciclos passados, movimentos fortes em altcoins de grande capitalização.
5. Venture capital segue firme
No 3º trimestre, US$ 4,6 bilhões foram investidos em projetos cripto — o segundo maior valor desde o colapso da FTX.
Esse capital precisará de “saídas líquidas”, normalmente via tokens.
Conclusão: não há sinais de topo cíclico. Parece mais um período inicial de rotação para ativos de maior beta.
SEÇÃO BRASIL — 26 DE NOVEMBRO DE 2025
O mercado brasileiro abre o dia com otimismo moderado, sustentado pela desaceleração da inflação e expectativas de alívio monetário tanto no Brasil quanto nos EUA.
Destaques do mercado
Ibovespa fechou ontem em alta de 0,41%, aos 155.910 pontos.
Dólar recuou a R$ 5,38.
Inflação (IPCA-15) veio em 0,18% no mês, acumulando 4,49% em 12 meses — dentro do teto da meta.
Selic permanece em 15%, mas já se fala em pausa no ciclo de aperto.
Fatores políticos e fiscais
A recente condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos acirra tensões rumo a 2026.
O mercado, porém, foca nos dados econômicos — não no ruído político.
Setores e projeções
Bancos, exportadoras e empresas ligadas a commodities se beneficiam do câmbio e da demanda externa.
Estimativas para 2026 incluem:
Selic a 12,5%
Inflação a 3,8%
Dólar a R$ 5,30
Conclusão: o Brasil segue equilibrando riscos políticos com bons indicadores de inflação e fluxo de investimentos.
SEÇÃO PARAGUAI — 26 DE NOVEMBRO DE 2025
O Paraguai continua consolidando sua posição como uma das economias mais estáveis da América do Sul.
Pontos centrais
Inflação controlada e expectativa de fechamento do ano em 4,0%.
Tasa de política monetaria mantida em 6%, ajudando a ancorar expectativas.
Mercado de capitais em expansão, com a BVPASA aproximando-se dos US$ 7 bilhões em volume negociado no ano.
Sistema bancário robusto, com ativos totais de US$ 37,3 bilhões e ROE médio de 13%.
Debates emergentes
Cresce a discussão sobre o futuro da mineração de Bitcoin no país, especialmente após alertas de que contratos de energia podem não ser renovados em 2027 caso o setor não gere emprego suficiente.
Crescimento econômico
PIB projetado para 4,4% em 2025, puxado por construção civil, agroindústria e serviços.
Exportações de carne ultrapassam US$ 1 bilhão no semestre.
Conclusão: o Paraguai segue como “estrela discreta” da região — estável, crescente e fiscalmente saudável.
CONCLUSÃO GERAL
O mercado vive um momento de desalinhamento entre fundamentos estruturais positivos e preço deprimido.
Cripto não está quebrado. Está mudando.
A institucionalização do Bitcoin, a disputa pelo controle monetário nos EUA, a falta de liquidez global e a rotação para ativos de IA criam um período difícil para quem espera repetições dos ciclos antigos.
Mas sinais claros de acumulação e reorganização surgem nas altcoins e na própria dinâmica institucional do setor.
2026 pode ser o ano em que a virada acontece.
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