Diário Crypto — 15 de dezembro de 2025
Bitcoin testa estrutura de alta enquanto Japão, inflação e fluxos de fim de ano pressionam o mercado
O mercado de criptoativos inicia a semana em um ponto técnico e macroeconômico sensível. O Bitcoin tenta sustentar uma estrutura de “higher low” no gráfico, enquanto uma combinação de eventos — decisões de política monetária no Japão, dados de inflação nos Estados Unidos e fluxos típicos de fim de ano — cria um ambiente em que liquidez e posicionamento importam mais do que narrativas isoladas.
Panorama Geral do Mercado Cripto
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin permanece apoiado em uma zona crítica de suporte, com a média móvel exponencial funcionando como uma espécie de “rede de segurança” para a estrutura de curto prazo. A leitura gráfica, isoladamente, sugere que a tendência de consolidação pode se manter, desde que esse suporte seja respeitado.
O diferencial desta semana, no entanto, é o contexto macro. O mercado acompanha de perto a expectativa de elevação de juros pelo Banco do Japão, prevista para a reunião de 18 e 19 de dezembro. O Japão é o maior detentor estrangeiro de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com mais de 1,1 trilhão de dólares. Qualquer aperto monetário mais agressivo tende a impactar a liquidez global, pressionando ativos de risco — incluindo o Bitcoin.
O histórico recente reforça a cautela. Em ciclos anteriores de aperto monetário japonês, o Bitcoin sofreu correções relevantes, variando entre quedas de 24% e 30%. A diferença, agora, é que o ativo já chega mais corrigido, o que pode reduzir o impacto marginal de um novo choque, caso o mercado esteja corretamente posicionado.
Liquidez, Dados Econômicos e Fluxos de Final de Ano
Além do Japão, a agenda da semana concentra dados-chave de inflação nos Estados Unidos, como CPI, PCE e indicadores de sentimento do consumidor, além de diversas falas de membros do Federal Reserve. Em conjunto, esses eventos seguem determinando o humor dos mercados globais.
Apesar do risco macro, há um fator de sustentação importante: grandes investidores institucionais (“whales”) vêm aumentando posições compradas em Bitcoin, Ethereum e Solana, especialmente próximo às zonas atuais de suporte. Esse movimento não garante alta, mas dificulta apostas fáceis na queda no curto prazo.
O mercado também entra no período clássico de fluxos sazonais de dezembro. O chamado “Santa Rally” existe, mas não é uma regra estatística confiável. Historicamente, o Bitcoin fechou dezembro em alta em apenas parte dos últimos anos. O que realmente pesa são os rebalanceamentos institucionais, ajustes fiscais, realocação de carteiras e fluxos associados a ETFs e índices, que podem gerar movimentos abruptos, sobretudo em ambientes de liquidez reduzida.
On-chain: onde está a verdadeira batalha de preços
Os modelos on-chain ajudam a mapear os níveis críticos do mercado:
Custo médio dos investidores de curto prazo acima da cotação atual
Média dos investidores ativos próxima à zona de consolidação
Preço realizado significativamente mais abaixo, indicando que o mercado ainda opera acima do custo médio agregado da rede
Enquanto o Bitcoin permanecer acima das faixas intermediárias desses modelos, a tese de consolidação com viés construtivo permanece válida. Uma perda clara desses níveis, porém, pode transformar o risco macro — especialmente vindo do Japão — em um problema imediato.
Ethereum e Solana: liderança com risco
No mercado de altcoins, Solana segue liderando em atividade on-chain, com números expressivos de usuários ativos, volume transacionado, taxas geradas e receita de aplicações. Esse nível de uso explica por que o ativo costuma ser tratado como uma aposta de maior beta em momentos de retomada de apetite por risco.
O Ethereum, por sua vez, apresenta um sinal histórico relevante: o preço voltou a se aproximar do custo médio de grandes detentores, um movimento que, em ciclos anteriores, coincidiu com regiões de fundo local. Não se trata de garantia, mas de um dado que costuma atrair construção de posição por investidores de longo prazo.
O principal risco para ambos continua sendo o mesmo: o Bitcoin. Caso a liquidez global se contraia de forma mais agressiva, ativos de maior beta tendem a se transformar rapidamente em alvos de liquidação.
Seção Brasil — Mercado Financeiro Brasileiro
O mercado brasileiro opera em tom mais positivo neste 15 de dezembro de 2025, refletindo sinais claros de desaceleração econômica combinados com revisões mais benignas para a inflação.
O Boletim Focus trouxe revisões para baixo nas projeções do IPCA, com expectativa de 4,36% para 2025 e 4,10% para 2026. O crescimento do PIB permanece em torno de 2,2% a 2,3%, enquanto a Selic segue projetada em 15% ao final do próximo ano.
O IBC-Br, prévia do PIB, registrou queda de 0,25% em outubro, reforçando o esfriamento da atividade no quarto trimestre. Mesmo assim, o Ibovespa sobe e se aproxima novamente da região dos 162 mil pontos, apoiado por fluxo estrangeiro acumulado superior a 27 bilhões de reais em 2025 e alívio nos juros futuros.
No câmbio, o dólar recua para a faixa entre 5,38 e 5,43 reais, refletindo tanto o diferencial de juros favorável ao Brasil quanto expectativas de flexibilização monetária global ao longo de 2026.
O pano de fundo segue sendo de resiliência com cautela: juros elevados seguram o crescimento, mas sustentam o câmbio e atraem capital externo. O grande risco à frente permanece sendo o cenário fiscal e eleitoral de 2026.
Seção Paraguai — Mercado Financeiro Paraguaio
O Paraguai encerra 2025 consolidando-se como um dos destaques macroeconômicos da América Latina. A projeção oficial aponta crescimento de 6% do PIB, o maior da região, impulsionado por serviços, indústria e recuperação do setor agropecuário.
A inflação permanece controlada, com acumulado em torno de 4,1% até novembro e expectativa de fechamento anual abaixo de 3,6%, dentro da meta do Banco Central do Paraguai. A taxa básica segue em nível moderado, reforçando a estabilidade monetária.
Um avanço estrutural relevante foi a implementação da Central de Informação do Mercado de Valores, plataforma digital que aumenta a transparência, eficiência e integração do mercado financeiro local a padrões internacionais. Embora o mercado de capitais paraguaio ainda seja concentrado em renda fixa, o crescimento consistente, a baixa dívida pública e a digitalização colocam o país em posição estratégica para atrair investimentos regionais e internacionais.
O Paraguai segue se consolidando como um ambiente de previsibilidade macro, estabilidade monetária e crescimento sustentado, contrastando com a volatilidade recorrente de economias maiores da região.
Conclusão
O cenário atual do mercado cripto é de equilíbrio instável. Estruturas técnicas ainda se mantêm, grandes investidores seguem posicionados, mas o ambiente macro — especialmente vindo do Japão e dos dados de inflação nos Estados Unidos — pode redefinir rapidamente o jogo. Em paralelo, Brasil e Paraguai exibem trajetórias distintas, mas igualmente relevantes para investidores atentos à alocação regional e à proteção de capital.
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