Diário Crypto — 11/11/2025
EUA mudam o jogo: de “enforcement” para “estrutura” — CFTC ganha espaço, ETFs com staking e ICOs regulados voltam ao varejo
Visão Geral
O dia marca um ponto de inflexão regulatória nos EUA: uma guinada coordenada para um regime “structure-first” que redesenha o mapa de riscos e oportunidades para Bitcoin, DeFi e novos lançamentos de tokens. Enquanto o preço segue resiliente, o que importa hoje é o arcabouço: projeto de lei no Senado favorecendo a CFTC nos mercados à vista, diretrizes que abrem espaço para staking dentro de ETPs/ETFs e a estreia de uma plataforma regulada de vendas públicas de tokens para o varejo norte-americano por uma grande exchange listada.
1) Política & Regulação (EUA)
Projeto de estrutura de mercado cripto no Senado (Agri Committee): amplia o desenho já aprovado na Câmara e direciona a supervisão de spot para a CFTC, preservando o papel da SEC sobre valores mobiliários. Define critérios legais para “descentralização” e caminhos de registro para venues, trocando mosaico de ações punitivas por regras explícitas.
ETFs/ETPs com staking: o Tesouro e reguladores abriram safe harbor para produtos que stakeiam ativos PoSe repassam parte das recompensas aos investidores, sob novas salvaguardas.
Consequência prática: com o impasse orçamentário arrefecendo, a fila regulatória de ETFs pode avançar sob um enquadramento que não sufoca rendas on-chain.
2) Lançamentos de Tokens (ICO Meta 2.0)
Plataforma de vendas públicas para o varejo nos EUA: uma grande exchange dos EUA lançou um lançador regulado de tokens com meta de uma oferta pública por mês, sem taxas para usuários/projetos, monetizando pela parcela em USDC paga pelo emissor — espelhando práticas de mercados de capitais tradicionais.
Caso inaugural e debate de tokenomics: Monad (MON) estreou com desenho de desbloqueios robusto no TGE (incluindo venda pública, airdrop e desenvolvimento de ecossistema), enquanto alocações de time/VC vestem no tempo; o ativo recuou cerca de 30% na reação inicial.
O que muda: sai o “link de Telegram sem respaldo”, entra o book-building num intermediário regulado, com mecanismos anti-dump (punição a quem zera na largada reduzindo alocação futura).
3) DeFi: guerra de taxas e de liquidez
Uniswap (UNI): proposta de “unificação” liga, enfim, receita do protocolo ao token, virando o “fee switch” depois de anos com take de 0%. Com ~US$ 1 trilhão de volume YTD nos pools principais, um take modesto já projeta centenas de milhões/ano para queima/compra se os volumes se mantiverem — mas reduz o payout aos LPs, potencialmente deslocando liquidez.
Aerodrome (AERO): evento anunciado para amanhã, com especulação de expansão EVM. Se captar parcela dos LPs insatisfeitos, ganha pools mais fundos, spreads mais apertados e tração de volumes.
Tese: “política monetária de protocolo” ao vivo. Quem vence? Ou “queima & valorização do token” (UNI) ou “rendimento & crescimento de pools” (AERO). On-chain dirá.
4) O que isso significa para narrativas e fluxos
Bitcoin: ganha com a migração do medo regulatório para regras previsíveis.
Infra & Liquidez: corretoras listadas/compliance e hubs de liquidez compatíveis com o novo livro de regras devem atrair capital institucional.
Fee-sharing/real yield: protocolos que já geram caixa mensurável tendem a sobressair.
Investidores: acompanhe para onde a liquidez se move, não apenas o hype.
Seção Brasil
Panorama
O mercado brasileiro mistura euforia com freios prudenciais: bolsa renovando sequências de alta, inflação surpreendendo para baixo e BC em tom hawkish, mantendo a Selic em 15% para ancorar expectativas.
1) Manchetes do dia
Ibovespa: 14ª alta seguida, 155.257 pontos (+0,77%), com petroleiras, mineradoras e bancos liderando.
Câmbio: dólar a R$ 5,307 (-0,55%), beneficiado pelo fim do shutdown nos EUA e apetite global a risco.
Inflação: IPCA de 0,09% em outubro, menor para o mês desde 1998.
Selic: mantida em 15% pela 3ª reunião, com viés de juros altos por mais tempo.
Cripto & regras: aperto regulatório estende salvaguardas do sistema financeiro a provedores cripto.
2) Indicadores-chave
Ibovespa: 155.257 (+0,77% no dia; +28% em 2025).
Dólar: R$ 5,307 (-0,55% no dia; -14,12% no ano).
IPCA (out.): 0,09%; projeção 2025: 4,5%.
Selic: 15% (estável).
PIB 2025 (proj.): 2,16%.
3) Leitura de mercado
Ações: rally prolongado com múltiplos acima da média histórica (P/L ~12x vs ~10x), suportado por commodities e bancos.
Câmbio: alívio favorece importadores e consumo; reservas elevadas dão colchão.
Preços: desaceleração de alimentos/energia reduz difusão inflacionária; BC preserva credibilidade.
Cripto/fintechs: regras mais rígidas miram AML; contas em USD/EUR em plataformas de pagamentos ampliam acesso a divisas.
Sinal de atenção: valorização acelerada exige gestão de risco; cortes de juros externos podem mexer com o real.
Seção Paraguai
Panorama
O Paraguai combina crescimento robusto com reforço institucional: pagamento recorde do Tesouro a fornecedores, lei do mercado de valores modernizada e inflação em ~3,5% sob guarda do BCP. O guaraní mostra leve apreciação e o crédito segue em expansão.
1) Manchetes do dia
Lei nº 7572 (Mercado de Valores e Produtos): foco em transparência e atração de investimentos.
Tesouro: pagamento de ₲ 190 bilhões a fornecedores (STRs de 6, 7 e 10/11).
Atividade: alta 6,7% a/a em setembro, acumulando +5,8% no ano; alerta na construção.
IMF: reconhecimento da solidez e acesso a US$ 178 milhões por metas fiscais.
Crédito: demanda em alta; carteira acima do pré-pandemia.
2) Indicadores-chave
Atividade (set.): +6,7% a/a; acumulado +5,8%.
USD/PYG: 7.082,89 (+0,17% no dia; -2,1% no ano).
Inflação (proj. anual): 3,5% (meta BCP 4% ±2).
Taxa BCP: 7,25% (estável).
Dívida externa líquida: ~25% do PIB.
3) Leitura de mercado
Crescimento: serviços, eletricidade (exportações de Itaipu) e manufatura puxam; agro recupera, melhorando a balança.
Fiscal: pagamento recorde injeta liquidez e alivia estoques devidos; déficit segue desafio.
Mercado de capitais: nova lei moderniza a BVPASA e eleva a régua para captação; expansão de players de cripto/data centers indica diversificação.
Monetária: inflação controlada permite BCP manter 7,25%; reservas próximas de US$ 10 bi sustentam estabilidade.
Sinal de atenção: custos de materiais pressionam construção; choques climáticos e externos podem afetar crescimento e câmbio.
Conclusão
A fotografia do dia é de normalização institucional da criptoeconomia nos EUA e de maduração regulatória em mercados locais. Para o investidor, o edge está em seguir a liquidez e privilegiar infra/venues compatíveis com o novo livro de regras, além de protocolos com receita real e distribuição clara de valor.
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