Cortes de juros do Fed em 2026 podem definir retorno do varejo ao mercado cripto
Analistas veem política monetária como principal gatilho para nova onda de investidores, mas mercado ainda duvida de cortes agressivos após três reduções em 2025
O ritmo e a profundidade dos cortes de juros do Federal Reserve em 2026 devem ser determinantes para a volta dos investidores de varejo ao mercado de criptomoedas. A avaliação é de analistas do setor, que apontam a política monetária americana como o principal catalisador para um novo ciclo de entrada de capital em ativos digitais no próximo ano.
Segundo Owen Lau, diretor-gerente da Clear Street, as decisões do banco central dos Estados Unidos estarão no centro da dinâmica do mercado cripto em 2026. “O Fed é um dos principais gatilhos para o espaço cripto. Com juros mais baixos, o varejo e as instituições ficam mais animados para voltar”, afirmou em entrevista à CNBC.
Historicamente, ciclos de queda de juros tendem a favorecer criptomoedas como o Bitcoin, já que aplicações tradicionais, como títulos públicos e depósitos bancários, passam a oferecer retornos menos atrativos. Nesse ambiente, investidores costumam migrar para ativos de maior risco em busca de rendimento superior.
Fed sinaliza flexibilidade, mas mercado segue cético
As atas da reunião de dezembro do Federal Reserve, divulgadas nesta semana, indicam que a autoridade monetária está disposta a ajustar sua postura em 2026, caso surjam riscos que ameacem seus objetivos econômicos. “O Comitê estaria preparado para ajustar a política monetária conforme apropriado”, afirmam os documentos oficiais.
Apesar disso, o mercado demonstra ceticismo quanto à continuidade imediata dos cortes. Dados da plataforma de previsões Polymarket mostram que a probabilidade de um corte já em janeiro é de apenas 15%. Para março, a expectativa sobe para cerca de 52%, sugerindo que investidores apostam em uma postura mais cautelosa no início do ano.
O Fed realizou três cortes de juros em 2025, todos amplamente antecipados pelo mercado. O primeiro, de 25 pontos-base, ocorreu em setembro e foi seguido por uma forte reação do Bitcoin, que atingiu um novo topo histórico em outubro, ultrapassando US$ 125 mil.
Alta perdeu força e sentimento virou
O rali, no entanto, durou pouco. Em 10 de outubro, um evento de liquidação em massa eliminou cerca de US$ 19 bilhões em posições alavancadas, revertendo rapidamente o movimento de alta. Mesmo com novos cortes de 25 pontos-base em outubro e dezembro, o mercado já mostrava sinais de esgotamento.
As atas do Fed revelaram, inclusive, que houve divisão interna sobre a necessidade do corte de dezembro, reforçando a percepção de que a política monetária pode entrar em uma fase mais conservadora.
Desde então, o Bitcoin acumula uma queda próxima de 30% em relação ao topo de outubro, sendo negociado na faixa de US$ 88 mil. O recuo impactou diretamente o humor do mercado como um todo.
Medo domina o mercado cripto
O enfraquecimento do preço do Bitcoin levou a uma deterioração clara do sentimento dos investidores. O Crypto Fear & Greed Index, indicador amplamente utilizado para medir o humor do mercado cripto, permanece em “medo extremo” desde meados de dezembro, com leituras recentes próximas de 23 pontos.
O cenário cria um paradoxo para 2026: enquanto juros mais baixos podem reacender o apetite por risco e atrair novamente o varejo, a incerteza sobre a disposição do Fed em seguir cortando mantém investidores em compasso de espera.
Para analistas, o retorno do entusiasmo cripto não dependerá apenas de um ou dois cortes pontuais, mas de um ciclo claro e consistente de afrouxamento monetário. Sem isso, o mercado pode continuar dominado por cautela, volatilidade e seletividade — mesmo com fundamentos de longo prazo ainda em debate.
Fonte: CNBC; Federal Reserve; Polymarket; CoinMarketCap.
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