Colômbia em rota de colisão: as consequências das sanções comerciais impostas pelos EUA
A relação entre Colômbia e Estados Unidos, construída ao longo de décadas como uma aliança estratégica e econômica, está seriamente ameaçada. Decisões diplomáticas impulsivas do governo colombiano, liderado por Gustavo Petro, colocaram o país em rota de colisão com seu maior parceiro comercial. O resultado é um cenário de sanções que podem levar a economia colombiana a um colapso.
José Manuel Restrepo, ex-ministro do Comércio, foi direto em entrevista à Revista Semana: o impacto das sanções americanas é devastador. Estamos falando de tarifas entre 25% e 50% sobre produtos colombianos, com impacto direto na competitividade das exportações no mercado americano. E a pergunta inevitável é: como chegamos a esse ponto?
A guerra de tarifas: um conflito desnecessário
Tudo começou com a resposta do governo Petro a políticas migratórias americanas. As deportações de colombianos dos EUA não são novidade, mas foram tratadas pelo governo como uma afronta diplomática. Ao invés de buscar diálogo, Petro optou por endurecer o tom e escalar o conflito, impondo sanções às importações americanas. A resposta do governo Trump foi certeira: tarifas elevadas sobre produtos chave, como flores, que representam uma das principais exportações colombianas.
O ex-ministro Restrepo alerta: “Estamos a duas semanas do Dia dos Namorados, e isso pode prejudicar a exportação de flores colombianas para os Estados Unidos, talvez o principal mercado deste produto.” As flores não são apenas um símbolo, mas um dos pilares da agroindústria colombiana, gerando milhares de empregos.
Impacto econômico: um preço alto demais
As tarifas impostas pelos Estados Unidos vão muito além do setor de flores. Elas afetam diretamente a agroindústria e toda a cadeia produtiva da Colômbia. Para os exportadores, isso significa um aumento de custos que pode excluir os produtos colombianos do mercado americano, inviabilizando a competitividade.
Mas o impacto não para aí. Restrepo adverte que sanções bancárias podem restringir o acesso ao financiamento público no país, gerando instabilidade econômica e desvalorização cambial. O investimento estrangeiro direto, que gira em torno de 5 bilhões de dólares anuais, está seriamente ameaçado. O turismo, com mais de 1 milhão de americanos viajando para a Colômbia todos os anos, também pode ser drasticamente reduzido.
A irresponsabilidade da diplomacia colombiana
Restrepo não poupa críticas à postura do governo Petro, classificando-a como “infantil” e “irresponsável”. Ele destaca que “sanções sempre ocorreram, tanto neste governo quanto em outros, e normalmente os deportados são enviados dos Estados Unidos de volta à Colômbia.” Ou seja, a reação do governo foi desproporcional e desnecessária, resultando em um conflito que não deveria existir.
Além disso, a relação com os Estados Unidos vai além do comércio. A cooperação em segurança é um dos pilares dessa aliança, especialmente no combate ao narcotráfico. Ao escalar o conflito, a Colômbia corre o risco de perder apoio fundamental no combate à produção de coca, que já é um problema grave no país.
O Tratado de Livre Comércio em risco
O ex-ministro também chama atenção para o impacto das sanções sobre o Tratado de Livre Comércio (TLC) entre os dois países. Ele explica que, por razões de segurança, os Estados Unidos podem implementar tarifas sem a necessidade de aprovação do Congresso, como já fizeram com o aço. Essa flexibilidade ameaça setores inteiros da economia colombiana e mostra como a postura do governo Petro é, no mínimo, imprudente.
Uma mensagem de alerta
Restrepo deixa claro que a Colômbia não pode se dar ao luxo de brincar com sua relação com os Estados Unidos. Ele adverte que o governo deve agir com prudência, especialmente em temas sensíveis como o migratório e a produção de coca. A escalada de tensões coloca em risco não apenas o comércio bilateral, mas toda a economia colombiana, comprometendo empregos, investimentos e até a estabilidade do país.
O que está em jogo é muito mais do que tarifas ou políticas migratórias. É a reputação de um país no cenário internacional e sua capacidade de manter relações estratégicas que garantam o desenvolvimento econômico. Infelizmente, a diplomacia colombiana parece estar mais interessada em marcar posição ideológica do que em proteger os interesses do seu povo.
A Colômbia está jogando com fogo – e, como José Manuel Restrepo bem coloca, “todos perdem, especialmente a Colômbia.”



