🇺🇸🇧🇷 Carter ontem, Trump hoje: as duas vezes em que os EUA decidiram punir o Brasil
A história se repete. Nos anos 70, o presidente norte-americano Jimmy Carter vestiu a máscara de defensor dos direitos humanos para pressionar o Brasil em plena ditadura militar. Hoje, em 2025, Donald Trump e Marco Rubio utilizam a mesma retórica da liberdade e da democracia para impor sanções ao governo brasileiro. Mas o que está em jogo não é a defesa de princípios universais — é o uso da política externa americana como arma de poder.
Carter e o Brasil da ditadura: “direitos humanos seletivos”
Carter chegou ao poder em 1977 com a promessa de colocar os direitos humanos no centro da política externa. O alvo preferencial foram os regimes militares latino-americanos, e o Brasil não escapou.
Cortou cooperação militar.
Barrou fornecimento de tecnologia nuclear.
Condicionou parcerias a mudanças políticas internas.
O Brasil reagiu denunciando o acordo militar com os EUA e buscando autonomia, mas ficou marcado na cena internacional como um país sob suspeita. Não foram sanções econômicas diretas, mas pressões diplomáticas e tecnológicas que travaram nosso avanço estratégico.
Trump e Moraes: “sanções em nome da democracia”
Quase 50 anos depois, o roteiro se repete, mas com outro verniz. Trump e Rubio, em nome da liberdade de expressão e da defesa de Bolsonaro, aplicam sanções diretas:
Alexandre de Moraes entrou na lista do Tesouro americano, com ativos bloqueados e relações financeiras cortadas.
Vistos de juízes, autoridades e familiares foram revogados.
O governo brasileiro sofreu tarifas de até 50% em exportações, atingindo diretamente a economia.
Há ameaças de novas medidas ainda mais duras vindas do Senado americano.
A justificativa é a mesma de Carter: direitos humanos, democracia, liberdade. Mas, na prática, trata-se de uma intervenção externa em processos políticos e judiciais brasileiros.
O paralelo perigoso
Carter pressionou para acelerar a abertura política.
Trump pressiona para deslegitimar o STF e fortalecer Bolsonaro.
Ontem foi a ditadura; hoje é a democracia que se diz “ameaçada”.
O fio condutor é o mesmo: Washington decide quem está certo e quem deve ser punido.
O que ninguém fala
A mídia local finge neutralidade, mas está clara a contradição:
Quando Carter atacava os militares, era celebrado como defensor dos direitos humanos.
Agora, quando Trump ataca Moraes e ministros do Supremo, a narrativa muda — e o mesmo gesto passa a ser tratado como “ingerência indevida”.
Ou seja: os direitos humanos, a democracia e a liberdade só valem quando servem ao interesse de quem manda em Washington.
Conclusão
De Carter a Trump, os EUA sempre encontraram pretextos para intervir no Brasil. A diferença é que, em 1977, a pressão era velada, diplomática, indireta. Em 2025, é explícita: sanções, tarifas, revogação de vistos.
O Brasil, mais uma vez, é jogado no tabuleiro de poder americano. O que está em jogo não é a defesa de valores — é a reafirmação de quem manda e quem obedece.



