Bukele e o FMI: O Preço da Soberania Financeira
Por André Costa
El Salvador fez história ao se tornar o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal, em um movimento ousado de Nayib Bukele para libertar sua economia das amarras do sistema financeiro tradicional. Mas agora, sob pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo salvadorenho cedeu, alterando sua legislação para tornar opcional a aceitação do Bitcoin no comércio. O motivo? Um empréstimo de US$ 1,4 bilhão.
O FMI e o cerco às criptomoedas
O FMI nunca escondeu seu desconforto com a decisão de El Salvador. Desde o início, a instituição alertou sobre “riscos à estabilidade financeira” e “potenciais vulnerabilidades regulatórias”. Mas a realidade é clara: Bitcoin representa um desafio ao monopólio financeiro das grandes instituições globais, retirando o poder de bancos centrais e intermediários financeiros.
Agora, em troca do empréstimo, Bukele foi forçado a recuar. O Bitcoin continua sendo moeda oficial no país, mas sem a exigência de aceitação no comércio. O governo também precisou limitar seu envolvimento com a criptomoeda, reduzindo compras e se afastando da Chivo Wallet, plataforma criada para facilitar transações em BTC.
O jogo de interesses e a hipocrisia global
Curiosamente, enquanto o FMI pressiona países menores como El Salvador a abrir mão do Bitcoin, grandes players globais continuam acumulando a criptomoeda. Bancos centrais de países desenvolvidos já demonstram interesse na tecnologia blockchain, mas querem que essa inovação fique sob seu controle.
O jogo é claro: quando nações menores tentam exercer sua soberania financeira com o Bitcoin, são pressionadas a voltar para o sistema tradicional. O mesmo FMI que impõe restrições ao uso de criptomoedas nunca questiona o dólar como moeda de reserva mundial, ainda que sua impressão desenfreada gere inflação e desvalorize economias ao redor do mundo.
Bukele perdeu ou apenas recuou para avançar?
O presidente de El Salvador provou ser um estrategista. Sua política de adoção do Bitcoin trouxe turismo, investimentos e maior independência econômica. Agora, com esse recuo estratégico, ele garante o empréstimo do FMI sem, no entanto, abandonar completamente o projeto Bitcoin. Resta saber se esse passo atrás será temporário ou se marcará o início de uma nova era de submissão ao sistema financeiro global.
O que está em jogo aqui não é apenas o Bitcoin, mas a liberdade financeira de nações que ousam desafiar o establishment. Hoje é El Salvador. Amanhã, pode ser qualquer um que ouse trilhar o mesmo caminho.
E você, está preparado para o futuro?



