Binance avalia reestruturação societária para destravar expansão nos Estados Unidos
Redução da participação de CZ e parcerias estratégicas com empresas americanas entram no radar da maior exchange do mundo
A Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo em volume negociado, avalia uma reconfiguração estratégica para fortalecer sua presença no mercado dos Estados Unidos. Entre as possibilidades em discussão está a redução da participação majoritária do cofundador Changpeng “CZ” Zhao, apontada como um dos principais entraves regulatórios para a expansão da empresa em estados considerados estratégicos no país.
Segundo informações da Bloomberg, pessoas familiarizadas com o assunto afirmam que o controle acionário de Zhao tem sido visto como um “obstáculo relevante” para o avanço da Binance em território americano. Embora ainda não exista um plano formal anunciado, as conversas internas seguem em andamento e são descritas como “fluídas”.
Além de ajustes na estrutura societária, a Binance também estaria avaliando parcerias com empresas sediadas nos EUA, incluindo a gestora de ativos BlackRock e a plataforma de finanças descentralizadas World Liberty Financial (WLFI), que possui ligação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A estratégia teria como objetivo ampliar a credibilidade institucional da exchange e facilitar sua reinserção no mercado americano.
Especulações após perdão presidencial
Os rumores sobre um possível retorno mais robusto da Binance aos Estados Unidos ganharam força em outubro, após o presidente Donald Trump conceder perdão presidencial a Changpeng Zhao. A medida alimentou especulações dentro da indústria cripto, reforçadas por declarações públicas do próprio CZ.
“Farei tudo o que puder para ajudar a tornar a América a capital global das criptomoedas e avançar o Web3 no mundo”, escreveu Zhao nas redes sociais após o perdão.
A Binance havia deixado oficialmente de atender clientes americanos em junho de 2019, quando anunciou a criação de uma entidade separada, a Binance.US, operada pela BAM Trading Services, com o objetivo de cumprir as exigências regulatórias locais. A plataforma americana, no entanto, funciona de forma independente, sem acesso à liquidez global da Binance.com e sem oferecer derivativos cripto.
Em 2023, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou a Binance Holdings Ltd. de, na prática, operar tanto a Binance.com quanto a BAM Trading Services, levantando questionamentos sobre a real separação entre as duas estruturas.
Mercado americano segue estratégico
Apesar das dificuldades regulatórias, os Estados Unidos continuam sendo um mercado-chave para o setor cripto. Segundo o Global Crypto Adoption Index 2025, da Chainalysis, o país ocupa a segunda posição mundial em adoção de criptomoedas. Para a Binance, ampliar sua atuação nos EUA significaria acesso direto a uma das maiores fontes de liquidez do planeta.
Atualmente, a Binance mantém a liderança global entre as exchanges centralizadas em volume negociado, de acordo com dados da CoinGecko, reforçando o impacto potencial de uma expansão americana bem-sucedida.
Resistência política persiste
O perdão concedido a Zhao, no entanto, gerou forte reação de setores do Partido Democrata. Parlamentares como a senadora Elizabeth Warren e a deputada Maxine Waters criticaram duramente a decisão de Trump.
Waters classificou o perdão como uma prática de pay-to-play, acusando o presidente de favorecer politicamente a indústria cripto para benefício próprio. Warren, por sua vez, descreveu a medida como um caso claro de “corrupção”.
As críticas evidenciam que, apesar de um ambiente regulatório mais favorável sob a atual administração, a resistência política ao avanço das criptomoedas nos EUA ainda não foi totalmente superada — fator que pode pesar no retorno pleno da Binance ao país.
Ainda assim, o movimento estratégico da exchange sinaliza que a disputa pelo mercado americano segue no centro do tabuleiro global das criptomoedas.
Fonte: Bloomberg; CoinGecko; Chainalysis
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