Babylon Labs promete empréstimos com Bitcoin “trustless”
Projeto usa BitVM3 para permitir uso de BTC como colateral em aplicações DeFi, mas especialistas apontam dependências que ainda envolvem confiança
A Babylon Labs apresentou um novo sistema que promete permitir que Bitcoin seja usado como colateral em empréstimos descentralizados na Ethereum sem necessidade de custodiante centralizado ou pontes federadas. A solução, construída com a tecnologia BitVM3, vem sendo celebrada como um marco para unir os ecossistemas Bitcoin e DeFi. No entanto, apesar do discurso “trustless”, há pontos críticos que ainda exigem confiança em intermediários.
Como funciona o “cofre trustless”
De acordo com o cofundador da Babylon e professor da Stanford University, David Tse, o sistema permite que usuários bloqueiem BTC em cofres criptograficamente seguros, sem precisar confiar em um custodiante. A verificação é feita diretamente na blockchain do Bitcoin e, no lado do Ethereum, contratos inteligentes validam o estado desses cofres por meio de um cliente leve de Bitcoin.
Os tokens gerados (VaultBTC) podem ser usados como colateral em protocolos de empréstimo — neste caso, na plataforma Morpho. O sistema está em fase experimental, com liquidez inicial mínima em USD Coin.
Pontos que ainda exigem confiança
Apesar do desenho inovador, a liquidação desses cofres depende de “liquidadores” previamente autorizados, responsáveis por monitorar preços e estados de cofres. Isso significa que, se esses agentes falharem ou agirem de forma coordenada, a integridade do sistema pode ser comprometida.
Além disso, a segurança das liquidações depende de oráculos de preço — fornecidos por parceiros como Band Protocol e Pyth Network — que carregam riscos de atraso, censura ou erro. Embora os liquidadores não possam roubar fundos diretamente, a confiança de que agirão corretamente ainda é um pressuposto fundamental.
Comparação com o modelo atual
Hoje, quem deseja usar BTC como colateral geralmente precisa recorrer ao Wrapped Bitcoin (WBTC), que depende de um custodiante centralizado para garantir a paridade 1:1 com BTC real. O modelo da Babylon busca eliminar essa camada de confiança, substituindo-a por provas criptográficas e transações pré-assinadas entre credores e tomadores.
O white paper da empresa exemplifica: se Bob usa 1 BTC para tomar emprestados US$ 50 mil, ele e Larry (o credor) pré-assinam transações que definem direitos de gasto condicionais. Se Bob não pagar, o sistema liquida automaticamente, sem depender de confiança pessoal entre as partes.
Inovação com ressalvas
A proposta representa um avanço técnico importante ao aproximar o ecossistema Bitcoin das finanças descentralizadas — algo historicamente difícil devido às limitações de script da rede. Contudo, a dependência de oráculos e liquidadores ainda impede que o modelo seja 100% trustless.
A Babylon Labs ainda não respondeu a questionamentos sobre planos de descentralizar ou remover essas camadas de confiança.
Fonte: Cointelegraph
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