Ativos do mundo real dominam o DeFi em 2025 e redesenham o mapa do capital on-chain
Tokenização de títulos públicos, crédito privado e commodities supera DEXs em valor travado e consolida RWAs como infraestrutura central das finanças descentralizadas
Os protocolos de ativos do mundo real (RWAs) deixaram de ser um experimento periférico para assumir um papel central dentro das finanças descentralizadas em 2025. Dados da DefiLlama mostram que os RWAs ultrapassaram as exchanges descentralizadas (DEXs) e se tornaram a quinta maior categoria do DeFi em valor total travado (TVL), com cerca de US$ 17 bilhões, frente aos US$ 12 bilhões registrados no quarto trimestre de 2024.
O avanço é significativo não apenas pelo volume, mas pela velocidade. No início do ano, os RWAs sequer figuravam entre as dez principais categorias do DeFi. Hoje, representam uma engrenagem essencial da infraestrutura on-chain, ancorada principalmente em títulos do Tesouro americano tokenizados, crédito privado e outros instrumentos financeiros tradicionais levados à blockchain.
Para Vincent Liu, diretor de investimentos da Kronos Research, o motor desse crescimento não é mais a curiosidade tecnológica, mas sim incentivos claros de balanço. “O crescimento dos RWAs está sendo impulsionado por eficiência financeira, não por experimentação”, afirmou. Segundo ele, o ambiente de juros elevados por mais tempo tornou ativos como Treasurys tokenizados e crédito privado especialmente atraentes como fontes de rendimento on-chain, ao mesmo tempo em que maior clareza regulatória reduziu barreiras para investidores institucionais.
RWAs entram no núcleo do DeFi
Ao longo de 2025, o mercado de RWAs — excluindo stablecoins — chegou a girar em torno de US$ 24 bilhões, com crédito privado e Treasurys tokenizados liderando a expansão. Nesse ecossistema, o Ethereum consolidou-se como a principal camada pública de liquidação para estruturas de dívida e fundos tokenizados.
Apesar disso, dados da RWA.xyz indicam que uma segunda camada de redes vem ganhando espaço, ainda que com participações menores. BNB Chain, Avalanche, Solana, Polygon e Arbitrum aparecem com fatias de um dígito médio ou baixo do valor total de RWAs em blockchains públicas.
Paralelamente, infraestruturas permissionadas vêm desempenhando um papel decisivo. A Canton Network concentra mais de 90% da participação de mercado em RWAs institucionais, oferecendo um ambiente regulado, com preservação de privacidade, mas capaz de se conectar aos trilhos de dados e liquidez do DeFi.
Tesouro tokenizado lidera os fluxos
Os Treasurys tokenizados seguem sendo a porta de entrada dominante para o capital institucional. Produtos como o BlackRock USD Institutional Digital Liquidity Fund (BUIDL), o USYC da Circle, o BENJI da Franklin Templeton e o OUSG da Ondo Finance impulsionaram o segmento para patamares de vários bilhões de dólares até dezembro.
Segundo Liu, o principal gargalo já não está na tokenização em si, mas na liquidez e na integração com o sistema financeiro tradicional. Ele destaca que, em 2026, o foco deve migrar do simples crescimento de TVL para questões mais estruturais: quem controla a emissão, onde esses ativos são usados como colateral e quais plataformas capturam o fluxo do mercado secundário.
Ouro, prata e a narrativa de 2026
A recente disparada de ouro e prata adicionou uma nova camada à tese dos RWAs. O valor de mercado das commodities tokenizadas já se aproxima de US$ 4 bilhões, liderado por produtos como Tether Gold e Paxos Gold, que avançaram junto com os metais físicos rumo a novas máximas.
Para Liu, esse movimento eleva as commodities tokenizadas de nicho para ativos macroeconomicamente relevantes, com demanda real por liquidação on-chain em mercados que operam 24 horas por dia. Ele ressalta que padrões mais claros de precificação e custódia facilitaram a integração desses ativos tanto ao DeFi quanto aos sistemas institucionais.
O executivo também aponta a validação comportamental como fator-chave para 2026: preços em alta atraem emissão, que atrai liquidez e reforça a adoção além da narrativa puramente de rendimento. Outro elemento decisivo será a interoperabilidade. “A aceleração real virá quando commodities tokenizadas puderem circular livremente entre redes e plataformas, funcionando como colateral neutro, e não como produtos isolados”, concluiu.
O avanço dos RWAs em 2025 sugere que o DeFi está entrando em uma nova fase — menos focada em ciclos especulativos e mais orientada à integração profunda entre blockchain e mercados financeiros tradicionais.
Fonte: DefiLlama; RWA.xyz; Cointelegraph; Kronos Research.
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