Apagão da Cloudflare expõe fragilidade do ecossistema cripto e reacende debate sobre descentralização total
Projetos defendem que não basta ter blockchain descentralizado: frontends, APIs, DNS e armazenamento também precisam sair das mãos de gigantes centralizados da Web2
O apagão global da Cloudflare na terça-feira — que derrubou cerca de 20% do tráfego mundial — acendeu um alerta vermelho no mercado cripto. Apesar de avanços na descentralização das blockchains, o incidente revelou um ponto fraco que muitos preferem ignorar: grande parte da infraestrutura que sustenta as aplicações descentralizadas continua presa a provedores centralizados da Web2.
Protocolos como Blockchain.com, Coinbase, Ledger, BitMEX, Toncoin, Arbiscan e DefiLlama ficaram parcial ou totalmente inacessíveis durante a pane. Um mês antes, foi a vez de uma queda na Amazon Web Services (AWS) gerar o mesmo efeito em cadeia.
Para EthStorage — uma das empresas que trabalham para descentralizar armazenamento e HTTP — o problema é gritante:
“Descentralizar a blockchain é só metade da equação. A verdadeira resiliência exige descentralizar todo o stack.”
A equipe destacou que camadas como RPC, DNS, APIs, indexação e armazenamento continuam vulneráveis, pois dependem de empresas que representam um único ponto de falha — exatamente o que o movimento cripto pretende evitar.
Dependência da Web2 cria riscos estruturais para um setor que prega descentralização
Mesmo com anos de discurso em defesa da distribuição de poder, muitos projetos ainda optam por serviços centralizados por conveniência: são mais conhecidos, fáceis de integrar e oferecem performance imediata.
Segundo EthStorage, essas suposições estão desatualizadas:
alternativas descentralizadas evoluíram,
são mais rápidas e escaláveis do que antes,
e já atendem a grandes volumes de tráfego.
O problema, dizem, é cultural: como o usuário final não vê o que ocorre no backend, a descentralização acaba virando um “passo futuro opcional”, e não um pilar obrigatório desde o início.
Filecoin e Arweave reforçam o alerta
Protocol Labs (IPFS e Filecoin) e Arweave — líderes na construção de armazenamento distribuído — também reagiram ao apagão.
O Filecoin foi direto:
“Outages como o de ontem mostram como grande parte do tráfego passa pelas mãos de poucos provedores.
Confiar em uma única nuvem impõe limites para qualquer sociedade que dependa de acesso estável aos dados.”
Descentralização total não precisa ser imediata — mas precisa ser inevitável
A EthStorage reconhece que muitos projetos não conseguem migrar tudo de uma vez. Mas reforça que a estratégia precisa estar no roadmap desde o início:
“A descentralização completa não precisa acontecer da noite para o dia. Importa que o projeto avance nessa direção — eliminando dependências centralizadas ao longo do tempo.”
É o mesmo argumento defendido por Vitalik Buterin. No seu recente Trustless Manifesto, o cofundador da Ethereum foi categórico:
protocolos nunca devem sacrificar descentralização em nome de adoção rápida.
Ele alerta que cada pequeno componente centralizado — um nó hospedado, um relayer controlado, um servidor de API — torna-se um novo ponto de estrangulamento, capaz de comprometer todo o sistema.
Um lembrete duro — mas necessário
O apagão da Cloudflare mostrou que o setor cripto continua avançando, mas com vulnerabilidades herdadas da internet tradicional. Para os defensores de uma revolução verdadeiramente distribuída, o recado foi claro:
não há Web3 resiliente construída sobre infraestrutura Web2 frágil.
Fonte: Cointelegraph; EthStorage; Filecoin; Protocol Labs; Vitalik Buterin — Trustless Manifesto.
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