África aposta em blockchain e stablecoins para revolucionar comércio continental até 2035
ADAPT promete reduzir taxas, acelerar pagamentos e destravar US$ 70 bilhões em comércio anual
Um consórcio formado pela AfCFTA (Área de Livre Comércio Continental Africana), Iota Foundation, Tony Blair Institute e Fórum Econômico Mundial anunciou nesta segunda-feira (17) o ADAPT, uma nova infraestrutura digital aberta que promete transformar o comércio entre os 55 países africanos até 2035.
A plataforma — Africa Digital Access and Public Infrastructure for Trade — funcionará como uma rede pública digital baseada em código aberto, capaz de integrar pagamentos transfronteiriços via stablecoins, armazenamento de documentos comerciais digitais e identidades interoperáveis para empresas e governos.
Segundo Dominik Schiener, cofundador da Iota Foundation, o ADAPT tem ambições amplas: modernizar processos, reduzir custos e aproximar a África da economia global.
Do papel para o blockchain: uma revolução logística
Entre os principais objetivos anunciados:
Gerar US$ 70 bilhões a mais em comércio por ano
Cortar o tempo de liberação de fronteiras de até 14 dias para menos de 3 dias
Reduzir taxas de pagamentos transfronteiriços de até 9% para menos de 3%
Acelerar processos alfandegários de semanas para horas
Segundo Schiener, o ADAPT permitirá que exportadores africanos tenham acesso a liquidez global de financiamento, usando blockchain para substituir processos manuais e demorados.
Lançamento começa em 2026 — com primeiro piloto já em 2025
A implementação será gradual:
Q1 do próximo ano: lançamento inicial no Quênia
Em seguida: expansão para Gana e um terceiro país ainda não divulgado
2027–2035: implantação completa entre as 55 nações africanas
Para o Fórum Econômico Mundial, a transformação é urgente. Chido Munyati, chefe da divisão africana do WEF, afirmou que burocracia, documentação em papel e lentidão nos pagamentos são alguns dos maiores entraves para o crescimento comercial do continente — gargalos que a blockchain pode eliminar.
África já é destaque global em adoção cripto
Além da modernização logística, a iniciativa coincide com um salto expressivo na adoção de criptoativos no continente.
75 milhões de usuários cripto até 2026, segundo Statista
US$ 5,1 bilhões em receita movimentada
Stablecoins representam 43% de todo o volume transacional na região subsaariana
Países líderes: Nigéria, África do Sul, Gana, Quênia e Zâmbia
A adoção acelerada mostra que soluções digitais — especialmente baseadas em stablecoins — já fazem parte da rotina financeira de milhões de africanos, impulsionando pagamentos mais rápidos e baratos.
Um passo estratégico para um futuro financeiro mais livre
A iniciativa sinaliza a crescente independência africana de sistemas financeiros lentos, caros e muitas vezes controlados por atores externos. Ao promover interoperabilidade, stablecoins e infraestrutura pública digital, o continente dá um passo para reduzir custos, fortalecer comércio interno e aumentar a autonomia econômica.
Fontes
Iota Foundation – Comunicado oficial (17/11/2025)
AfCFTA Secretariat
World Economic Forum
Statista
Chainalysis (02/10)
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